Comissão do Ministério da Saúde contraindica cloroquina para Covid

Comissão do Ministério da Saúde contraindica cloroquina para Covid

Orientação vai na contramão da defesa enfática feita pelo presidente Jair Bolsonaro dos medicamentos do "kit covid"


R7

Orientação dada pelo órgão vai na contramão da defesa enfática feita pelo presidente Jair Bolsonaro

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A comissão do Ministério da Saúde responsável por assessorar a pasta no processo de incorporação e exclusão de medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) contraindicou o uso da cloroquina, da hidroxicloroquina e da azitromicina no tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19.

A orientação dada pelo órgão vai na contramão da defesa enfática feita pelo presidente Jair Bolsonaro do uso dos medicamentos sem comprovação de eficácia do chamado “kit Covid” para tratar a doença.

“Não há evidência de benefício seja no seu uso de forma isolada ou em associação com outros medicamentos”, disse relatório técnico da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde).

Cloroquina e hidroxicloroquina

O documento destacou ainda que a cloroquina e a hidroxicloroquina não devem ser utilizadas, independentemente da via de administração.

O relatório abre a exceção para que pacientes que usem esses dois medicamentos devido a outras condições de saúde, como doenças reumatológicas e malária, mantenham-nas caso contraiam a Covid-19.

Azitromicina

Já a utilização da azitromicina pode ser feita na presença ou suspeita de infecção bacteriana, “de acordo com orientações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar local e/ou protocolos institucionais de uso de antimicrobianos”.

O relatório da Conitec não fala do uso da cloroquina e dessas outras medicações em casa.

O relatório Conitec, de 101 páginas, vai servir de base para uma decisão final do Ministério da Saúde sobre o uso dessas medicações para o tratamento de Covid-19.

A compra e a distribuição da cloroquina e de outros medicamentos fazem parte do cerne da investigação da CPI da Covid-19 e de apurações que envolvem o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, convocado a depor nesta quarta-feira.

Ivermectina

O documento da Conitec também recomenda não utilizar a ivermectina em pacientes hospitalizados com Covid-19 ante a “certeza da evidência muito baixa” de eficácia. A ivermectina – um popular vermífugo – é outra medicação defendida pelo presidente como tratamento precoce contra a Covid.

Remdesivir

O texto também sugere não usar o remdesivir em pacientes hospitalizados com Covid-19, citando, por exemplo, que essa medicação não reduziu mortalidade em pacientes nessa condição e tampouco “parece haver benefício nos pacientes em uso de ventilação mecânica”.

“Houve redução do tempo para recuperação em pacientes com uso de oxigênio em baixo fluxo em um ensaio clínico, contudo, há incertezas sobre esse benefício e sua significância clínica, não justificando seu uso de rotina mesmo nesse grupo de pacientes”, disse o Conitec.

O documento cita que pode haver “algum benefício marginal” com o remdesivir, mas observa que o uso de rotina não se justifica pelo “alto custo, baixa experiência de uso e incerteza em relação à efetividade”.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou de imediato a respeito do relatório e de que caminho vai adotar.


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