Comunidades carentes recebem doação de cestas básicas em Porto Alegre

Comunidades carentes recebem doação de cestas básicas em Porto Alegre

Associação de Haitianos do Rio Grande do reclama de abandono do poder público

Felipe Samuel

Comunidades carentes de Porto Alegre receberam doação de 830 cestas básicas

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No momento em que o Rio Grande do Sul enfrenta a pandemia do novo coronavírus, ações de solidariedade servem para atenuar as dificuldades de famílias em situação de vulnerabilidade social. Numa iniciativa da Cáritas Brasileira Regional RS e da Fundação Banco do Brasil (FBB), comunidades indígenas, quilombolas, imigrantes e recicladores receberam nesta terça-feira em Porto Alegre, na Igreja Pompeia, doação de 830 cestas básicas.

Além de cestas básicas foram entregues materiais de higiene, limpeza e máscaras de proteção com material informativo com orientações de higiene e medidas preventivas para evitar contágio pela Covid-19. Secretária Regional da Cáritas, Jacira Ruiz explica que cada cesta básica contém 30 quilos de alimentos. 

Parceria

De acordo com Jacira, a FBB Fundação Banco do Brasil chamou a Cáritas Brasileira e outras entidades que têm capilaridade nacional para firmar a parceria. "Priorizamos comunidades indígenas da Região Metropolitana, comunidades quilombolas, nosso Arquipélago, que é o bairro com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de POA", reforça.

Conforme Jacira, a FBB disponibilizou recursos para a aquisição dos alimentos e do material de higiene e limpeza, enquanto a Cáritas entra com a gestão operacional e de logística. "A maioria dos itens de alimentação vieram da agricultura familiar, como arroz e feijão que são orgânicos, especialmente dos assentados da reforma agrária. É uma forma de potencializar essas iniciativas", destaca. 

Sabão e produtos de limpeza pesada, como detergente, foram comprados de um grupo de mulheres de São Leopoldo que faz parte da chamada economia solidária. "É uma forma de gerar renda para esse grupos ao invés de comprar de grandes atacados", compara.

"Braço social"

O superintendente comercial de Pessoa Jurídica do Banco do Brasil, Fábio Ribas, observa que a FBB é o 'braço social' do Banco do Brasil e recebe projetos que envolvem assistência social, que estimulam a economia solidária e o consumo local. 

Para selecionar os projetos que vão ter acesso a esses recursos, a fundação faz avaliação do ponto de vista do nível de organização e do impacto que essa assistência pode resultar na comunidade. "A Cáritas foi selecionada enquanto organização estadual por estar espalhada em diversas microrregiões estaduais, que foram beneficiadas também", justifica.

Conforme Ribas em condições normais, a atuação da FBB prioriza transformar realidades locais em regiões menos favorecidas.

Por conta do novo coronavírus, Ribas explica que a fundação decidiu realizar ação mais específica, direta, como as que viabilizam alimentos para uma população carente e que neste 'momento está com maiores restrições ao acesso'. 

Ele reforça a importância de adquirir alimentos de produtores locais. "Esse é um dos critérios que levam a fundação escolher determinados projetos, tendo em vista a abrangência que eles têm e de que forma eles movimentam a economia local, e o fato de que esses alimentos serão adquiridos de pequenos produtores, que também precisam do seu sustento, precisam vender seus produtos, faz com que haja apelo social maior e uma disposição da Fundação em apoiar e estimular esse tipo de iniciativa", afirma.

Associação de Haitianos do RS reclama de abandono

Presidente da Associação dos Haitianos do Rio Grande do Sul, James Derson Sene Charles garante que a doação de 50 cestas básicas vai ajudar os imigrantes haitianos que moram na Capital, principalmente no momento em que muitos deles perderam os empregos e vivem de colaborações. A doação dos alimentos vai atenuar os problemas enfrentados pela comunidade. 

"A situação dos imigrantes que está piorando, estamos com muita dificuldade de ter alimentos, de ter dinheiro para comprar alimentos, com várias demissões nas empresas", explica. Consciente de que é preciso evitar aglomerações, ele afirma que vai precisar de ajuda para levar os alimentos aos haitianos. "É um trabalho difícil, não temos carro para fazer isso, temos que pegar emprestado para levar", explica.

Mesmo com auxílio de entidades, os haitianos reclamam de abandono do poder público. "Não temos nenhum tipo de assistência da prefeitura, estamos lutando por conta própria. Apenas a Cáritas e o Banco de Alimentos nos ajuda nesses momentos", frisa. 

James afirma que já enviou alguns projetos para o Paço Municipal, mas não recebeu retorno. "Eles ignoram a existência de imigrantes, principalmente de haitianos", alega.


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