Concessionárias e auto-peças cumprem decreto em Porto Alegre

Concessionárias e auto-peças cumprem decreto em Porto Alegre

Decreto da prefeitura determinou o fechamento de comércio e serviços não essenciais

Felipe Samuel

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Atingidos pelas alterações no decreto 20.625, que determinam o fechamento de comércio e serviços - à exceção dos estabelecimentos classificados como atividades essenciais -, desde ontem concessionárias e autopeças cumpriram à risca as determinações da prefeitura. Conforme as novas medidas, o comércio de veículos é permitido apenas por meio eletrônico com a entrega do bem no estabelecimento do vendedor. Na Zona Norte, nas avenidas Assis Brasil e Sertório, que concentram grande número de concessionárias e autopeças, a maioria apresentava placa na porta de entrada com mensagem informando que o setor de vendas estava fechado.

Numa concessionária Ford, localizada na avenida Assis Brasil, funcionários ainda retiravam as decorações em alusão à festa de São João, temática escolhida para esquentar as vendas no mês de julho. Com as modificações no decreto, a empresa foi obrigada a restringir os serviços de venda online e de oficina. Os clientes que foram à concessionária para conhecer um veículo zero quilômetro se deparou com uma placa afixada na porta com a mensagem 'fechado' e um cartaz informando o motivo do fechamento.

Gerente-geral de vendas da Montreal, Giuliano Silveira explica que em função das mudanças decorrentes do novo coronavírus, a concessionária reforçou as vendas via online desde março. E mesmo assim com equipe reduzida. Um novo serviço foi disponibilizado para quem pretende adquirir um carro novo. "A gente vai até a casa do cliente, levamos o carro até lá para ele fazer test-drive ou se quiser uma avaliação do seu carro usado. Só vem retirar o carro aqui se quiser, porque não precisa", observa.

A retirada de bandeirinhas e de outros enfeites da loja, num momento em que as vendas pareciam sinalizar um novo recomeço, revelam um cenário econômico de incertezas. "Estamos retirando tudo (decorações) de novo porque não tem necessidade nenhuma. Estava dando sinal de retomada, bem distante do que vínhamos fazendo até março, mas já tinha sinal de retomada. Mas agora a gente sentiu que a coisa freou mesmo", compara.

Silveira destaca que é preciso se adaptar a novos tempos, com a possibilidade de compras de veículos por meio de celulares, tablets ou computadores. "As pessoas ainda não estão acostumadas a comprar carro pela internet. Por isso criamos esse serviço para deixar cliente bem informado", frisa. O Sincodiv/Fenabrav, que representa concessionários e distribuidores de veículos, critica a falta de clareza e de previsibilidade de decretos emitidos pelos governos estadual e municipal.

Na avaliação do presidente da entidade, Paulo Ricardo Ippólito Siqueira o mercado automotivo sofreu durante quatro anos consecutivos as maiores crises da economia brasileira e vinha se recuperando desde 2017 a razão de 10% ao ano quando se separou com a pandemia. "Dormimos com um decreto e acordamos com outro. Falta previsibilidade. Um novo fechamento de empresas causa incertezas no que vamos enfrentar no futuro. Existe uma grande dificuldade que recai sobre o setor nesse momento", alerta.

Embora reconheça a importância dos decretos e das restrições, Siqueira afirma que a pandemia pegou as 'empresas sem folego' e impactou o mercado de distribuição automotiva de forma severa em função do fechamento. "Em Proto Alegre, o prefeito entendeu que o fechamento deveria ser imediato e assim foi feito por 60 dias", lembra. Para Siqueira, o período fechado impediu a evolução do setor. "Ficamos com fôlego esgotado naquele primeiro fechamento, agora existe grande dificuldade", completa. 


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