Congresso mostra revolução médica dos imunobiológicos e terapia genética para hematologia

Congresso mostra revolução médica dos imunobiológicos e terapia genética para hematologia

Nos EUA, 61º Encontro Anual de Hematologia da ASH reúne mais de 25 mil especialistas em 200 mil metros quadrados de exposições

Bernardo Bercht

Principais empresas e profissionais da hematologia apresentam soluções em Orlando

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Hematologia, uma palavra pouco conhecida e que no imaginário público aparece, no máximo, associada à anemia. Esta área da medicina – o estudo do sangue –, contudo, reúne uma gama tão imensa de aspectos da saúde humana que acabou gerando um dos maiores congressos médicos do mundo. Neste mês de dezembro, mais de 25 mil profissionais da área se reuniram em Orlando, nos Estados Unidos, para debater as últimas descobertas que salvam vidas e melhoram as condições de pacientes graves de inúmeras moléstias. Este é o 61º Encontro Anual da American Society of Hemathology (Sociedade Americana de Hematologia - ASH).

Em meio aos 200 mil metros quadrados de exposição do gigantesco Orange County Convention Center, o equivalente a uma pequena cidade congrega e debate descobertas, tratamentos, curas e melhoras na qualidade de vida com o foco nesta palavra "hematologia", ou o estudo do sangue.

De acordo com o presidente da ASH, o hematologista Roy Silverstein, a pesquisa entrou numa era, recentemente, "efervescente e cheia de possibilidades". As terapias genéticas e imunobiológicas são as principais desencadeadoras dessa nova fase de soluções de problemas e aplicações medicinais.

"Estamos vendo avanços incríveis, principalmente na forma de usar o sistema imunológico para regular e combater hematologias malignas; além de avançar nos estudos genéticos para lidar com a trombose e problemas como anemia e hemofilia", avalia. "Aqui, trazemos todas essas mentes especializadas e fazemos o que sabemos de melhor: reunir informação de todos os cantos do mundo, criar diretrizes de tratamentos e avançar a pesquisa", salienta Silverstein sobre a importância do Encontro Anual - ASH.

Com seus inúmeros componentes, o estudo do sangue se ramifica em várias pesquisas que impactam diretamente na qualidade de vida e no tratamento de doenças. A hematologia engloba distúrbios hemorrágicos, como a hemofilia; cânceres, como leucemia, linfoma e mieloma; hemoglobinopatias, como a já falada anemia; diversos tipos de tromboses, a formação de coágulos no sangue; além de aspectos de inúmeros tratamentos com transfusões de sangue e transplantes de medula.

As doenças hematológicas malignas, os chamados "cânceres do sangue" tornaram-se alguns dos maiores desafios da medicina, em meio à complexidade do tema, envolvendo uma inúmera quantidade de tipos de células especializadas, passando por hemáceas, linfócitos, plasmócitos etc. Os tratamentos imunobiológicos e as terapias genéticas são o grande campo explorado no ASH 2019 que, até aqui, revolucionou o tema, em termos de resultados práticos.

"Pela primeira vez, em décadas, estamos vislumbrando uma possibilidade de cura para vários distúrbios que até então só podíamos retardar a evolução", destaca a hematologista Deise Almeida. A especialidade dela é o Mieloma, doença maligna que afeta os plasmócitos e que, até então, tinha prognósticos não superiores a cinco anos de vida. "Temos tratamentos que os resultados de sobrevida demoraram a sair, pois basicamente as pessoas permaneceram em remissão por um longo período", detalha.


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