Conselho Nacional de Saúde diz que Ministério cancelou compra de remédios para intubação em agosto

Conselho Nacional de Saúde diz que Ministério cancelou compra de remédios para intubação em agosto

CNS alertou problema em agosto, quando média de mortes era de mil pessoas por dia, hoje são duas mil

R7

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Na semana em que o Brasil bateu recordes diários de mortos pela Covid-19, 18 Estados alertam para a falta de medicamentos usados para intubar pacientes graves e o estoque é de dez dias. Relatório do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de agosto de 2020, registrou que o Ministério da Saúde cancelou a compra de 13 medicamentos, entre os 21 usados em Unidades de Terapia Intesiava (UTIs), justificando preço alto em 12 deles e apenas um não foi encontrado. 

"Considerando que o processo de compra, conduzido pelo Ministério da Saúde, em 12 de agosto de 2020, obteve êxito parcial, tendo em vista que dos 21 itens, 13 foram cancelados, 12 no julgamento, e 1 por inexistência de proposta, sendo a situação de cancelado no julgamento motivada por preços acima das estimativas de mercado", apontou o documento.

No fim de agosto do ano passado, o Brasil registrava menos de 30 mil mortes pela covid-19 e a média diária de óbitos era inferior a mil pessoas.  Somente na última quarta-feira (17), o Ministério da Saúde pediu às indústrias farmacêuticas os estoques que tinham de sedativos, analgésicos e bloqueadores musculares usados no "kit intubação", para atender à alta demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A decisão causou a reação da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), que em carta aberta declarou, ontem, que as requisições do Governo Federal estão desorganizando a cadeia de suprimentos e ameaçam o estoque das unidades particulares de saúde.

O relatório do ano passado, assinado pelo presidente do CNS, Fernando Pigasso, ainda ressaltou a necessidade das compras, uma vez o estoque de remédios de um ano acabou em 90 dias. "Considerando que o planejamento anual para consumo do chamado kit intubação, sedativos e paralisantes musculares, foi consumido em 90 dias, com a chegada da pandemia e que a aquisição de novos leitos e equipamentos não foi acompanhada por um plano de aquisição dos medicamentos necessários no atendimento às necessidades das pessoas em situação de agravos da doença, majoritariamente devido as justificativas do desequilíbrio entre a demanda e oferta". 

O documento também tratou que a falta de medicamentos poderia levar a saúde do país ao colapso. "Considerando que o desabastecimento desses medicamentos coloca em risco toda a estrutura planejada para o atendimento de saúde durante a pandemia do novo coronavírus, pois mesmo com leitos disponíveis, sem esses medicamentos não é possível realizar o procedimento, podendo levar todo o sistema de saúde ao colapso."

Para finalizar, o CNS recomendava: "A garantia da aplicação de recursos financeiros necessários para o pleno atendimento às demandas da população brasileira; e o reforço do pedido da compra dos medicamentos não homologados com curto espaço de tempo".

De acordo com a assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde acompanhou os estoques de medicamentos. "Desde setembro de 2020, o Ministério da Saúde acompanha, semanalmente, a disponibilidade dos medicamentos de intubação orotraqueal (IOT) em todo o Brasil e envia informações da indústria e distribuidores para que estados possam realizar as aquisições", informou a nota oficial. A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para falar sobre o cancelamento da compra em agosto, mas ainda não obteve resposta.


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