Corpo do cardiologista Ivo Nesralla é sepultado em Porto Alegre

O corpo do cardiologista Ivo Abrahão Nesralla, 82 anos, ex-diretor do Instituto de Cardiologia e um dos ícones da área da especialidade médica no país, foi sepultado na manhã de ontem no cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, no bairro Azenha. A cerimônia contou com a presença da família, a esposa Paulita, os filhos Ivo Júnior, Carlos e Paula, além de amigos do médico. Além do velório, uma missa foi realizada na capela São Joaquim.

Em nota, a Fundação Universitária de Cardiologia e do Instituto de Cardiologia destacaram o seu "espírito pioneiro que reacendeu a cirurgia de transplante de coração no país e sua liderança foi fundamental para cumprirmos a nossa missão de assistência, ensino e pesquisa". 

A enfermeira Lídia Lucas Lima, que durante 30 anos trabalhou com Nesralla na Equipe de Transplantes do Coração do Instituto de Cardiologia, disse que o médico foi uma pessoas que cuidou dos corações de muita gente, não só do coração doente, com olhar carinhoso e com a técnica apurada. Segundo ela, existem muitas formas de tratar e curar as pessoas - costurando um coração doente, olhando uma pessoa com carinho,  conversando com uma mãe que está desesperada na porta de uma UTI ou ouvindo uma música. "Tudo isso era Ivo Nesralla", acrescentou.

Conforme Lídia Lucas, foi um privilégio trabalhar com Nesralla que se dizia um "operário do coração". "Ele era mais do que isso. Ele era operário de almas, de vidas e pessoas. Ele se dedicou a fazer e ensinar todos os dias", ressaltou. A presidente da Bienal do Mercosul, Carmen Ferrão, disse que comunidade cultural sempre lembrará de Ivo Nesralla com o maior carinho e admiração. "Além de tratar do coração, ele tinha um grande coração. Uma sensibilidade muito especial", ressaltou. O maestro Evando Matté, da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) lembrou que o cardiologista gostava nas suas cirurgia de colocar música clássica quando da realização dos procedimentos.    

Ivo Nesralla foi responsável pela primeira operação de ponte de safena e o primeiro transplante cardíaco no Rio Grande do Sul. O cirurgião cardíaco também implantou o primeiro coração artificial da América Latina, em 1999, e fez a primeira cirurgia com uso da técnica robótica no continente sul-americano. Além de cardiologista, Nesralla também se envolveu com o setor cultural. O cardiologista foi diretor da Ospa entre 1983 e 1991, e de 2003 a 2018. Também presidiu a segunda e terceira edição da Bienal do Mercosul.