Corsan adianta limpeza de reservatórios de água em Santa Maria

Corsan adianta limpeza de reservatórios de água em Santa Maria

Companhia nega que serviço tenha relação com o surto de toxoplasmose, que já tem 569 casos confirmados

Raphaela Suzin

Governo do Estado encaminhou projetos de privatização da Corsan e regionalização do saneamento

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A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) adiantou a limpeza dos reservatórios de água em Santa Maria, na região Central do Estado. O serviço, que é realizado anualmente em julho, começou a ser feito nesta segunda-feira.

A Corsan nega que o adiantamento da limpeza tenha relação com o surto de toxoplasmose na cidade, que tem 569 casos da doença confirmados em laboratório. Na última semana, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, afirmou que a causa do surto era a contaminação da água. O próprio Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde afirmaram que a infecção da água é apenas uma das possibilidades para a proliferação da doença e que as investigações continuam.

A Corsan afirmou, no entanto, que aproveitará a limpeza para coletar água dos reservatórios. As amostras devem ser enviadas para o laboratório de Londrina, no Paraná, onde serão analisadas. Segundo a companhia, a limpeza deve durar 15 dias e pode afetar o abastecimento de água na cidade. “É mais uma iniciativa da Corsan para buscar a garantia e a segurança para a população sobre a qualidade da água que distribuímos”, afirmou.

Controvérsias

Um dia após a Secretaria Estadual de Saúde dizer que as causas do surto de toxoplasmose ainda eram desconhecidas, o ministro da Saúde Gilberto Occhi foi taxativo, na última semana, ao afirmar que a doença foi transmitida pela contaminação da água.

A afirmação do ministro, contudo, não chegou a ser confirmada pelo Ministério da Saúde que, em nota, informou que as investigações sobre as causas do surto seguem e que “uma das conclusões é a possível fonte de infecção pela água”. Não descartando outras possibilidades, como a contaminação de hortaliças.

Em entrevista ao Correio do Povo, o secretário estadual da Saúde Francisco Paz disse que a afirmação do ministro foi “infeliz” e que mantém sua fala de ontem: as causas do surto de toxoplasmose em Santa Maria ainda são desconhecidas. “Os resultados das análises que eu tenho deram todos negativos, os do Estado e os do Ministério. Ele (Occhi) tentou simplificar a questão, que é difícil”, ressaltou.

Após a repercussão da fala do ministro, o prefeito de Santa Maria Jorge Pozzobom (PSDB) convocou uma coletiva de imprensa, onde classificou como “irresponsável” a entrevista. “A colocação precipitada está gerando pânico na população”, reforçou o prefeito, que ainda convocou o ministro da Saúde a ir até Santa Maria.

Surto está encerrado

O surto de toxoplasmose, que teve seu auge em março e abril, está encerrado. O último caso foi registrado foi no dia 10 de maio. Contudo, “o surto existiu e a doença existe sempre no nosso meio ambiente”, por isso a importância de determinar a causa da transmissão. “Alguma coisa fez com que a população entrasse em contato com a doença de forma mais aguda”, declarou Paz.

A forma mais comum de contrair a toxoplasmose é pela ingestão de carnes cruas ou pouco cozidas – como salames e linguiça – ingestão de água ou leite não fiscalizado. A contaminação também pode se dar pelo oocisto do parasita (local onde o parasita se desenvolve) – que se encontra nas fezes de gatos doentes.

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