Covid-19: quando uma pandemia termina e qual o cenário no Brasil

Covid-19: quando uma pandemia termina e qual o cenário no Brasil

OMS pode decretar o término, mas países têm liberdade para analisar seus cenários

Arthur Ruschel

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Com a queda no número de internações, o avanço da vacinação, e a flexibilização de regras como o uso de máscaras, o final da pandemia de Covid-19 é alvo de debates. O Ministério da Saúde confirmou no final de março que ainda não pretende rebaixar a doença. 

O fim de uma pandemia é decretado assim que agente infeccioso causa apenas casos esporádicos em determinada região ou quando ela se torna uma endemia. A explicação é do Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz. A dengue é um exemplo clássico desta situação.

O órgão máximo que baliza todas as medidas de enfrentamento e também define o nível da enfermidade em escala global é a Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, nada impede que os países, analisando o seu próprio cenário, possam decretar o término ou trocar a nomenclatura. Na grande maioria dos casos, as nações seguem o que é decretado pela OMS.

Mesmo com a flexibilização de regras, aponta Sprinz, o fim da pandemia de Covid-19 está longe do Brasil. Conforme os dados do Ministério da Saúde dessa terça-feira, em 24 horas, foram registrados 27.331 novos casos da doença. Também foram confirmadas 216 novas mortes. Com as novas estatísticas, o país alcançou 30.040.129 pessoas infectadas pelo coronavírus durante a pandemia. Até esta terça, o painel de informações do Ministério da Saúde contabilizava 30.012.798 casos acumulados.

“Desde que a Covid-19 chegou, sempre estivemos atrás. Claro que gostaríamos de dizer que pandemia não existe. Mas para isso acontecer, depende da adesão massiva da população à vacina, assim como quais serão os próximos passos do vírus. Uma nova variante pode surgir”, explica o infectologista.

Conviver com o coronavírus

Para afirmar que a pandemia de Covid-19 está “controlada", Sprinz explica que diversos aspectos precisam estar alinhados com as medidas de enfrentamento da doença. “Se eu tiver uma vacinação massiva que proteja a população por um tempo duradouro e medicamentos antivirais específicos contra a Covid-19, consigo dizer que a pandemia está controlada e essa doença não será mais uma ameaça para nossa população”, afirma o infectologista. “Hoje ainda não temos as ferramentas necessárias para isso” .

O fim de uma pandemia depende também das medidas que serão tomadas posteriormente. “Não podemos perder a vigilância. Casos devem continuar sendo notificados. Da nossa parte, a vacinação é fundamental. Na suspeita de uma nova variante, temos que entender que a máscara é a medida farmacológica mais protetora”, explica.

Sprinz aponta também sobre a importância da “educação” da população, e alerta para aproveitar o o momento atual que ele define como uma “oportunidade”. Na visão do infectologista, não é a hora de “baixar a guarda”. “Educação e ciência sempre andam juntas. Temos uma oportunidade de educar a população de como se proteger quando não existem medicamentos efetivos”.

Para entender a diferença

Pandemia: ocorre quando há o aumento de casos de uma determinada enfermidade a nível global. Neste caso, quem define quando uma doença se torna uma pandemia é a Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser o órgão representativo em escala mundial – com a Covid-19, isso aconteceu em março de 2020.

Surtos: pode ser o início de uma pandemia. Neste caso, ocorre o aumento de casos em um determinado local, algo como um hospital, uma escola, bairro ou cidade. 

Epidemias: assim como os surtos, também podem iniciar uma pandemia. Uma epidemia ocorre em diversas regiões, estados ou cidades, mas ainda não se espalha em escala global. A de febre amarela, em 1850, e a de meningite, em 1974, são alguns exemplos que ocorreram no Brasil.

Endemia: quando não há mais um aumento significativo de casos de uma doenças e a população convive com ela. A dengue tem caráter endêmico no Brasil porque ocorre durante o verão em certas regiões.

Fonte: Instituto Butantan (SP)


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