Declarações de secretária revoltam servidores da Fasc

Declarações de secretária revoltam servidores da Fasc

Comandante Nádia, do Desenvolvimento Social e Esporte, havia dito que atuação das equipes de abordagem social com moradores de rua era péssima

Henrique Massaro

Marta Borba caracterizou como um “desrespeito total” afirmar que os servidores incentivariam pessoas a ficarem na rua

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Servidores da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) receberam com indignação as declarações da secretária municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, Comandante Nádia, que afirmou na quarta-feira que as equipes de abordagem social da prefeitura têm péssima execução para convencer moradores de rua a saírem dessa situação em função de questões ideológicas. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto da Rádio Guaíba na manhã de hoje, a assistente social Marta Borba classificou como absurdas e desrespeitosas as declarações, e ainda sugeriu que a titular da pasta tem uma visão higienista de como lidar com a população de rua.

Em palestra a empresários da zona norte de Porto Alegre, a secretária havia afirmado que, em função do trabalho desempenhado pelas equipes de abordagem, ainda era baixo o número de moradores de rua havia aderido ao programa Mais Dignidade, que oferece recursos e opções de moradia, ensino e alimentação. “A maioria das minhas equipes de rua não convence eles a sair, estimulam a ficar, porque são pessoas que tem uma ideologia de que têm o direito a ficar na rua. São concursados, que não tenho como dizer que não é para fazer”, declarou Nádia.

“É uma declaração lamentável por parte dessa secretária. A abordagem social é uma ação histórica na cidade, não nasceu de hoje”, rebateu a assistente social em entrevista à Guaíba. De acordo com ela, todas as metrópoles convivem com a situação de pessoas de rua e o programa citado pela titular do Desenvolvimento Social tem equívocos em sua concepção, por isso não está dando resultados. “Para ter uma efetividade em um trabalho tão complexo precisamos ter politicas sociais efetivas, não é responsabilizando as equipes, ofendendo trabalhadores, sejam eles concursados ou não”, afirmou.

Marta ainda caracterizou como um “desrespeito total” afirmar que os servidores incentivariam pessoas a ficarem na rua e que seriam movidos por questões ideológicas. “Os trabalhadores que atuam no serviço de abordagem são pessoas com formação, jamais estariam trabalhando nessa lógica. Acho que isso é um comentário de alguém que não tem o mínimo de conhecimento de como o serviço de abordagem social funciona”, contrapôs.

A servidora também disse que as declarações de Nádia são revoltantes para qualquer trabalhador da área social. “Não fazemos esse trabalho de obrigar ninguém a sair da rua, isso é uma política higienista, que talvez seja esse o desejo da secretária”, afirmou. Ainda salientou a falta de diálogo da gestão Nelson Marchezan Júnior e lembrou que outros comentários da titular da pasta já causaram indignação. “Recentemente, tivemos uma outra declaração dessa mesma secretária falando muito mal da população de rua, dizendo que ocupava as praças e que os pets não poderiam chegar com seus donos. Isso é uma situação que está passando um pouco dos limites".


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