Defesas dos réus Marcelo de Jesus e Mauro Hoffmann pedem absolvição da acusação de dolo eventual

Defesas dos réus Marcelo de Jesus e Mauro Hoffmann pedem absolvição da acusação de dolo eventual

Advogados fazem as suas últimas considerações no julgamento da Boate Kiss

Correio do Povo

Mário Cipriani disse que não há indícios o suficiente para acusar Mauro Hoffman pelo incêndio

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Após as réplicas do Ministério Público, a defesa dos quatro réus do Caso Kiss começou a fazer suas últimas considerações na tarde desta sexta-feira. Os advogados de Marcelo de Jesus e Mauro Hoffmann pediram a absolvição da acusação de dolo eventual. A advogada Tatiana Bastos defendeu que Marcelo de Jesus, ex-vocalista da Gurizada Fandangueira, não teve a intenção de provocar mortes na Boate Kiss. "A gente não pode querer usar o dolo eventual como vingança", justificou.  

Segundo a defesa, é apontado que o réu não teria avisado os clientes da Kiss para saírem do estabelecimento. Em relação a este ponto, a advogada afirmou que a não sinalização do perigo ocorreu por conta do caos do momento. "Numa situação de desespero, a gente quer apagar o fogo para que nada mais aconteça. Ninguém lá foi indiferente. Não tem como ser indiferente", afirmou. 

A defensora criticou a atuação do Ministério Público em relação à dor dos familiares das vítimas do incêndio. "A gente sabe o que é a dor de Santa Maria. A senhora (promotora Lúcia Helena Callegari) não sabe o que é a alegria de Santa Maria, que infelizmente foi acometida por aquela tragédia", lamentou.  

Já a defesa de Mauro Hoffman pediu a absolvição do réu por ausência de conduta ou que desclassifiquem para crime culposo. "Se quer uma responsabilização por contrato social", disse o advogado Bruno Seligmann, que faz parte da defesa do réu junto com o defensor Mário Cipriani. 

"Mauro só está nesse processo porque era sócio, não pelo o que ele fez", sustentou Cipriani. A defesa de Hoffmann seguiu criticando a atuação do Ministério Público sobre o processo, reforçando que não há indícios o suficiente para dizer que o sócio da Boate Kiss foi responsável pelo incêndio. "A acusação de dolo eventual contra Mauro não se sustenta", disse. 

Mais cedo, durante as argumentações do Ministério Público, a promotora Lúcia Helena Callegari mostrou durante a sessão no plenário no Foro Central de Porto Alegre, um documento de relato de uma testemunha, em que o réu Elissandro Spohr teria incentivado a banda Gurizada Fandangueira a utilizar artefatos pirotécnicos na Boate Kiss.

Já o promotor David Medina, disse que os réus no Caso Kiss querem se isentar e culpar o poder público pelo incêndio em Santa Maria, que provocou 242 mortes em janeiro de 2013. "A que ponto nós chegamos: aqueles que colocaram fogo, se isentam da responsabilidade, atribuindo a culpa ao poder público", afirmou na sessão.

Após as considerações dos advogados de defesa, os jurados irão se reunir em sala reservada para decidir o veredito do julgamento.


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