Desabastecimento de radiofármacos restringe atendimentos em hospitais gaúchos

Desabastecimento de radiofármacos restringe atendimentos em hospitais gaúchos

Instituições chegaram a atender apenas 30% da demanda de procedimentos atrelados à medicina nuclear

Felipe Samuel

Instituições chegaram a atender apenas 30% da demanda de procedimentos atrelados à medicina nuclear

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A interrupção da produção e do fornecimento de radiofármacos por falta de recursos do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), na semana passada, já impacta os agendamentos de procedimentos que necessitam dessas substâncias em todo país. No Rio Grande do Sul, os reflexos da redução da oferta de medicamentos essenciais para a medicina nuclear já são sentidos nos principais hospitais da Capital, que foram obrigados a cancelar ou restringir a 30% a realização de exames e outros procedimentos.

Em Porto Alegre, pacientes que receberiam tratamento para câncer de tireoide ou realizariam cintilografias esta semana, por exemplo, precisaram reagendar os procedimentos. Para impedir o colapso do sistema de saúde, o governo federal determinou o remanejamento emergencial de R$ 19 milhões para a retomada da produção e distribuição pelo IPEN, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O recurso permitiu a compra imediata de insumos importados.

Coordenador do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Eduardo Rosito de Vilas explica que o atendimento esta semana se restringiu a 30% dos pacientes, priorizando aqueles que estão internados ou que precisam definir tratamento com urgência. Apesar do problema ter sido parcialmente resolvido, Vilas afirma que a ameaça de desabastecimento começou há 20 dias. "Não houve prejuízo significativo ainda", observa, acrescentando que existe a promessa de normalização do fornecimento para a próxima segunda-feira. Em média, por mês, o Serviço de Medicina Nuclear do Conceição atende 600 pacientes.

Vilas salienta que há algum tempo o IPEN reclamava da falta de recursos para aquisição de insumos necessários para produção de fármacos e radiofármacos. Na avaliação do médico nuclear, os recursos emergenciais são suficientes apenas para duas semanas de fornecimento de medicamentos. "Esse ano vai ser assim, empurrando com a barriga. Não tem garantia de que em novembro não vai ter problema", alerta. "Para o 'universo' do Brasil, é um valor reduzido, mas por alguma razão faltou lá. Fincaram pé que não teria distribuição de material para essa semana se não houvesse esse pagamento", completa.

O Hospital da Santa Rita, da Santa Casa, informa que o atendimento também foi impactado pela falta de radiofármacos produzidos pelo IPEN. A instituição destaca que 'se viu obrigada a suspender temporariamente' alguns procedimentos e tratamentos que dependem dos medicamentos. E reforça que houve redução na programação de exames (cintilografias).

Conforme a instituição, em uma semana normal, a média é de 250 exames, mas durante o período de 27 de setembro a 1 de outubro a agenda foi reduzida para 90 exames, ou seja, apenas 36% dos exames serão realizados. A assessoria da Santa Casa informa ainda que foi necessário reagendar o procedimento de 16 pacientes que seriam atendidos entre os dias 27 de setembro e 10 de outubro. E destaca que assim que houver a normalização do fornecimento, as agendas serão 'retomadas na sua integralidade, respeitando as escalas anteriormente definidas'.

Em nota, o Hospital Moinhos de Vento destaca que precisou adequar os agendamentos de procedimentos com radiofármacos para esta semana. "Com a publicação no Diário Oficial da União de portaria que liberou recursos para a retomada da produção por parte do IPEN, a previsão é de que os atendimentos sejam normalizados a partir da semana que vem", completa a nota.

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) informa que sete pacientes que receberiam tratamento para câncer de tireoide tiveram que reagendar os procedimentos até que a situação esteja normalizada. De acordo com o Serviço de Medicina Nuclear do HCPA, outros 35 pacientes tiveram suas cintilografias reagendadas por falta dos geradores de tecnécio.


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