Dia da Consciência Negra tem feira de empreendimentos em Porto Alegre

Dia da Consciência Negra tem feira de empreendimentos em Porto Alegre

Feira Livre - Todos os tons de NegrXs ocorreu no Largo Zumbi dos Palmares nesta quarta-feira

Eduardo Amaral

Feira Livre - Todos os tons de NegrXs ocorreu no Largo Zumbi dos Palmares nesta quarta-feira

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Há cerca de um ano atrás Thiago Rosário Pereira foi convidado pelos primos cervejeiros para fundar a "Implicante" e se transformaram nos primeiros negros donos de uma cervejaria no Brasil. O negócio, que funciona no bairro Anchieta, na zona Norte de Porto Alegre, nasceu com a proposta de ir além da produção da bebida, mas também ser um espaço de combate à discriminação racial e outros preconceitos.

Nos rótulos imagens de figuras como Leônidas da Silva, José do Patrocínio, Maria Firmina e outros expoentes da história negra lembram a filosofia da empresa. “Fazer cervejas suaves, acessíveis a todos os públicos, além de trabalhar com o nosso conceito contra todos os preconceitos”, explica Pereira. Segundo ele, a necessidade surgiu após os primos Diego e Daniel participarem de inúmeros eventos cervejeiros e se verem como os únicos negros representantes. A cena gerou incômodo e fez com que eles buscassem quebrar a imagem de que a cerveja artesanal era algo elitizado e feito para um público seleto. “As pessoas ainda tem a visão que cerveja artesanal é só para a classe média alta ou para o público branco, mas tu pode fazer ela com alta qualidade e custo acessível.”

A "Implicante" foi um dos vários negócios que a Feira Livre -Todos os tons de NegrXs ajuda a organizar na Capital. Coordenadora da Feira, Ana Maack, diz que a organização ajuda os empresários negros a terem melhores resultados em seus negócios, já que para muitos esta é a única forma de renda. “Muitos de nós temos o empreender a nossa renda principal, então é dali que tu tira os custos para empreender novamente e manter esses locais abertos é bem mais difícil.”

Para Ana, a necessidade e capacidade de empreender é fruto de uma necessidade apresentada à essa parcela da população há muito tempo. “O empreender já vem do negro desde o tempo da escravidão, porque quando eles foram lançados a esmo no fatídico 13 de maio, eles não tinham para onde ir então começavam a empreender com o que eles tinham.”

Todos esses negócios foram apresentados na tarde desta quarta-feira, Dia Nacional da Consciência Negra, no Largo Zumbi dos Palmares, durante as atividades da 29ª Semana Municipal da Consciência Negra. Ao longo do dia uma série de atividades relacionadas ao mercado de trabalho foi desenvolvida no local. De acordo com o coordenador da Unidade dos Direitos da Igualdade Racial, Rodimar Silva, o foco no mercado de trabalho foi feito para combater as diferenças dentro das empresas e órgãos públicos. “Estamos em 2019 e ainda temos uma disparidade na questão da igualdade racial, e aí entram o poder público e as políticas públicas combatendo o racismo institucional. “Muitas vezes temos um negro e um branco com o mesmo currículo e vemos no âmbito institucional o negro não sendo promovido pela sua cor, isso é o racismo institucional”. Para Silva, eventos como este ajudam a desmistificar a ideia de que a cor da pele torna alguém menos capaz profissionalmente.


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