“Driblando a Fome” arrecada 64 toneladas de alimentos

“Driblando a Fome” arrecada 64 toneladas de alimentos

Amigos do Bispo Guaracy venceram os Amigos do Samuel Vettori em jogo da solidariedade em Porto Alegre

Felipe Nabinger

publicidade

A grande jogada foi a solidariedade, o gol mais bonito ajudar ao próximo e o drible foi na fome. Se em campo os Amigos do Bispo Guaracy venceram os Amigos do Samuel Vettori por 4 a 2, com direito a volta olímpica no Estádio Francisco Noveletto Neto, na tarde de sábado, fora dele não houve derrotados, pois o intuito de arrecadar alimentos para quem precisa foi atingido. A expectativa do total de doações, aliás, foi superada. A organização do “Driblando a Fome” esperava o montante de 45 toneladas de alimento, no entanto a marca alcançou 64 toneladas. “O gol que queríamos fazer era na panela de quem tem fome”, afirmou o Bispo Guaracy. “A gente consegue unir as pessoas quando tem uma boa causa e aqui é a melhor possível. A soma desse esforço permitiu esse baita evento”, garantiu Samuel Vettori, apresentador do Balanço Geral RS, que lesionou o braço nos treinamentos ao longo da semana e ficou na casamata orientando seu time.

Bispo Guaracy ao lado de Tinga no Driblando a Fome / Foto: Mauro Schaefer 

Capitão do tetra e ex-treinador da Seleção Brasileira, Dunga deu o pontapé inicial da partida. “É uma forma de retribuírmos todo carinho e amor que os torcedores nos deram. Acredito muito no exemplo. Não adianta falar, tem que fazer”, disse. Para ele, é necessário ajudar a todos, sem distinção. “O bem é o bem. Quando vamos ajudar num bairro não perguntamos qual a religião, o partido político ou a cor. A gente ajuda o ser humano. Divergências vão existir, mas temos que ter o amor ao próximo, que é o mais importante”.

Vettori ao lado de Dunga no Driblando a Fome / Foto: Mauro Schaefer 

Jogador com títulos conquistados nos dois clubes da dupla Grenal, Paulo Cesar Tinga foi presença em campo. “Nosso adversário é o mesmo: a desigualdade. Estão de parabéns os organizadores, a Universal e o Grupo Record. Independente de religião e credo, o mais importante é olhar pelas famílias. O futebol é uma classe que sempre teve um olhar social. Eu fui muito ajudado na infância e retribuo sempre quando posso”. Tinga ficou surpreso com a quantidade de pessoas prestigiando o evento. “Nunca vi, particularmente, esse estádio tão cheio nem em um jogo do Gauchão”, disse. Conforme a organização, 20 mil pessoas, entre quem esteve nas arquibancadas e no entorno do estádio, participaram dessa goleada contra a forme.

“A gente está unindo o esporte mais popular do país com a ação de arrecadar alimentos para aquelas famílias atingidas pela pandemia. Vamos marcar um golaço aqui. No Brasil todo, pretendemos arrecadar 1,5 mil toneladas de alimento”, destacou o Bispo Leandro Zangarini, responsável pelo Unisocial EVG no Brasil. Destaque com a bola no pé, foram dele dois dois gols marcados pelo time dos Amigos do Bispo Guaracy. A jogadora do time feminino do Internacional, Fabi Simões, e o pastor Agnaldo Faria, de Pelotas, escorando de cabeça cobrança de escanteio de Guaracy, marcaram os outros gols. O repórter da Record TV RS, Rayan Chinellato, e Fabiano marcaram para os Amigos do Samuel Vettori, time que contou com a presença de Tinga, do ex-ponteiro Maurício, e de jornalistas do Grupo Record como Alexandre Gamón, Felipe Bueno, Paulo Nunes e Guilherme Kepler.

O evento foi organizado pelo Unisocial, com apoio dos veículos do Grupo Record RS. Antes da partida, cerca de 20 grupos, representando 50 projetos sociais da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), fizeram um desfile em torno do gramado sintético do Passo D’Areia. Além disso, houve apresentações artísticas que animaram o público. 

Jogo foi movimentado, com muitos gols / Foto: Mauro Schaefer 

Prefeito presente

O prefeito Sebastião Melo prestigiou a ação. “Esse evento retrata a pluralidade da nossa cidade e do nosso Estado. Em um país que exporta grãos para todo mundo, ainda agora à tarde há pessoas que não tiveram um café da manhã e um almoço. Só temos a cumprimentar e dizer que estar aqui é estar ao lado de um Brasil que nós queremos”, afirmou. Melo destacou a importância da participação da comunidade. “O poder público e a sociedade devem estar de mão dada em todas as áreas. Juntos podemos muito mais. A força do voluntariado é muito importante”.

Prefeito esteve presente no evento no Passo D'Areia / Foto: Mauro Schaefer 

Fome não tem religião

O Bispo Guaracy frisou a presença de pessoas de outras crenças. “A fome não tem religião. Temos aqui conosco evangélicos tradicionais, pentecostais, neopentecostais, kardecistas, líderes de religiões de matriz africana. Não estamos aqui para discutir opiniões ou religiões, mas pra discutir um problema grave, agudo, que é a fome”, lembrou. Grupos de religião de matriz africana foram chamados ao campo e receberam, de forma simbólica, uma cesta básica representando as doações que serão destinadas a projetos beneficentes. “A comunidade tradicional de matriz africana agradece a esta parceria com nossa religião, discriminada no Estado e no país, mas reconhecida pela IURD, mostrando a parceria entre povos e religiões”, disse o pai Junyara de Oxum, chamado ao microfone pelo bispo.

“É um estímulo ao amor ao próximo, à solidariedade sem olhar para religião, cor de pele ou sexo. Para mim é muito fácil pois já passei fome, já peguei coisa do chão para comer com minha família. Precisamos nos unir para combater esse mal”, afirmou o deputado federal Carlos Gomes (Republicanos), que junto com o deputado estadual Sérgio Peres (Republicanos) foi o mestre de cerimônias da tarde. “Quando a pessoa é voluntária e quer lutar contra a fome não tem religião e não tem discriminação”, disse Peres.

Público tomou as dependências do Passo D'Areia / Foto: Mauro Schaefer 

 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895