Em Brasília, Associação de Porto Alegre promove ato em memória aos 600 mil mortos pela Covid-19

Em Brasília, Associação de Porto Alegre promove ato em memória aos 600 mil mortos pela Covid-19

Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico) presta gratuitamente assistência psicológica, jurídica e social para pessoas impactadas pela doença

André Malinoski

Três mil pequenas bandeiras brancas, simbolizando as vítimas, foram colocadas no gramado da Praça das Bandeiras

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A Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico) promoveu um ato simbólico em homenagem aos mais de 602 mil brasileiros mortos pela doença no país. A manifestação ocorreu nesta sexta-feira na Praça das Bandeiras, defronte ao Congresso Nacional, em Brasília, onde os participantes postaram 3 mil pequenas bandeiras brancas simbolizando os óbitos das vítimas que sucumbiram durante a pandemia da Covid.

“Este ato é muito importante, primeiro por termos atingido a triste marca de 600 mil mortos na semana passada. Em segundo lugar essa manifestação é realizada por uma associação de vítimas da doença, o que não é fácil. Com a finalização dos trabalhos da CPI prevista para os próximos dias, entendemos que seria muito simbólico fazer agora este ato”, explicou Paola Falceta, fundadora e integrante da Avico.

A própria Paola, que fundou a Avico em 8 de abril de 2021, em Porto Alegre, junto do amigo e atual presidente Gustavo Bernardes, perdeu a mãe Italira, de 81 anos, para a Covid-19. “Minha mãe foi internada por um problema circulatório e precisou passar por cirurgia. Ela se contaminou no hospital no auge da doença”, relata a assistente social e pesquisadora.

A perda e o luto serviram como incentivo para a criação da Avico, que presta gratuitamente assistência psicológica, jurídica e social a sobreviventes da Covid-19 e aos parentes de quem morreu.

Conforme números do Painel Coronavírus do governo federal, mais de 602 mil pessoas perderam a vida em função da doença no país. Dessas, mais de 35 mil vítimas eram do Rio Grande do Sul. “Estimo que cerca de 60 pessoas participaram do ato em Brasília. Queríamos fazer 600 mil bandeiras brancas, mas o valor seria R$ 40 mil reais. Foi possível confeccionar 3 mil apenas. Depois do ato o material será liberado para os recicladores locais poderem reutilizar”, conta Paola. Ela própria, a irmã e o sobrinho também contraíram Covid-19. Já Bernardes sofreu na UTI com um quadro grave no ano passado.

“Fincamos 3 mil bandeirinhas na frente do Congresso Nacional, representando as milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. Houve o incentivo governamental de propagação do vírus, uma falsa dicotomia entre economia e vida, como se as pessoas não tivessem que se proteger, não devessem evitar aglomerações e não precisassem usar máscara de proteção. Até mesmo não tivessem que se vacinar. A vacina chegou muito tarde no Brasil”, reflete a professora da Universidade de Brasília (UnB) e voluntária da Avico, Fernanda Natasha Bravo Cruz.

A docente, que esteve presencialmente no ato, também perdeu parentes para a doença. “Uma das vítimas dessa campanha de desinformação foi meu pai, que faleceu aos 55 anos, em 18 de novembro do ano passado. Papai não chegou a conhecer a neta dele que nasceu durante a pandemia”, revela. “Foi muito importante participar desse ato coletivo com outras pessoas enlutadas pela Covid que acreditam na ciência. Não dá para normalizar a tragédia, ainda são centenas de pessoas morrendo diariamente”, completa.

A iniciativa teve o apoio e doações da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Comitê UnB Pela Vacinação e Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC). 


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