Em duas semanas, internações por Covid-19 aumentam 154,2% em Porto Alegre

Em duas semanas, internações por Covid-19 aumentam 154,2% em Porto Alegre

Pela primeira vez este ano, os leitos de UTI da Capital têm mais de cem pacientes em função da doença

Felipe Samuel

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A disseminação da Covid-19 se mantém em ritmo acelerado e deixa sob pressão o sistema de saúde de Porto Alegre, que nesta sexta-feira registrava 106 pacientes com diagnóstico da doença em leitos de terapia intensiva.

É o maior número de hospitalizações por conta do novo coronavírus em 72 dias e representa um aumento de 152,4% em duas semanas. Pela primeira vez este ano, os leitos de UTI têm mais de cem pacientes em função da doença, num indício de que os contágios seguem em alta na cidade.

O crescimento das internações e do volume de atendimento de pacientes respiratórios, verificado desde o início do mês, deixa em alerta a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que anunciou hoje a suspensão temporária de consultas e procedimentos eletivos nas unidades de saúde.

Como resultado do aumento da demanda por atendimento de emergência, até o início da noite, as internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) - envolvendo todas as enfermidades - totalizavam 655, o equivalente a ocupação de 87,68% dos leitos.

Na avaliação do diretor de Regulação Hospitalar da SMS, Jorge Osório, o crescimento das internações em leitos de terapia intensiva deve manter "estressada a rede hospitalar" nos próximos dias, mas reforça que é uma evolução diferente da verificada no pico da pandemia, em março do ano passado.

"Temos um crescimento linear, não é exponencial como foi no início do ano de 2021, em fevereiro, março e abril", destaca. Ao destacar dados de outros países da Europa, ele ressalta que na maioria dos casos a curva de crescimento se mantém por até oito semanas. "Não podemos negligenciar um aumento desses", completa.

Se o mesmo cenário se repetir no Rio Grande do Sul, a expectativa é de que a redução do contágio e das internações ocorra no final de fevereiro. "Isso sempre preocupa, temos que ficar de olho nisso. Mas pelo que temos e visto, e principalmente conversando com os hospitais, é que a quantidade de pacientes positivos que internam procuram atendimento por outros motivos que não a Covid-19", ressalta. Por conta disso, os hospitais precisam fazer uma "reengenharia" para evitar colocar pacientes contaminados entre os que não têm diagnóstico para Covid-19.

Osório ressalta a importância da vacinação e destaca os dados do Sivep/Gripe, sistema de informações do Ministério da Saúde que registra os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que apontam que o risco de internação em leito de UTI de uma pessoa com esquema vacinal incompleto contra Covid-19 é 16,4 vezes maior do que o de uma pessoa com o esquema vacinal completo.

"Pela cobertura vacinal da população, não se espera uma explosão de casos que tivemos no início de 2021. Vamos ter um aumento, um platô, e depois do aumento vai começar a ter sua redução ao patamar anterior a essa nova elevação", projeta.

Referência no tratamento da doença, o Hospital Nossa Senhora da Conceição operava acima da capacidade, com 107,55% da ocupação dos leitos de terapia intensiva. Outras três instituições tinham ocupação superior a 85%: Hospital de Clínicas (91,21%), Santa Casa (92,08%) e Moinhos de Vento (85,53%).

Dos 106 pacientes em estado grave com diagnóstico para o novo coronavírus, 59 estavam internados nesses quatro hospitais, ou seja, mais da metade. Clínicas, com 24 pacientes, e Moinhos de Vento, com outros 15, eram os que tinham maior número de hospitalizações por Covid-19.

Conforme boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Estado registrou hoje mais 18.321 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. É o terceiro maior número de exames positivos em solo gaúcho desde o início a pandemia do coronavírus.

Com o avanço da Covid-19, o total de contaminados desde o início da pandemia chega a 1.669.817. Com mais 25 óbitos em decorrência da doença, o total de mortos sobre para 36.601.


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