Em meio à extinção, Ceitec exonera 34 colaboradores

Em meio à extinção, Ceitec exonera 34 colaboradores

Saída dos profissionais se dá em meio ao processo de extinção da empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações

Christian Bueller

Ceitec é a única empresa da América Latina que atua na fabricação de chips e semicondutores

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O Diário Oficial da União, publicado nesta sexta-feira, divulgou as 34 exonerações de colaboradores do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). Criada há mais de uma década, a empresa pública sediada em Porto Alegre projeta, fabrica e comercializa dispositivos microeletrônicos e circuitos integrados (chips) para identificação e rastreamento de produtos, medicamentos e animais, por exemplo.

Entre os funcionários exonerados estão quatro técnicos administrativos operacionais, oito técnicos em eletrônica avançada, cinco analistas administrativos operacionais, 14 especialistas em tecnologia eletrônica avançada, um assistente técnico e dois gerentes.

A Associação dos Colaboradores da Ceitec S.A. (Acceitec) criticou a decisão pela "demissão em massa" na estatal, afirmando por nota que "irá lutar pela reversão dessa arbitrariedade e ato ilegal. Sem um cronograma aprovado e sem anuência do sindicato. Quem perde com tudo isso é o país", diz a entidade, nas redes sociais.

O presidente da Acceitec, Silvio Luis Santos Júnior, lembrou que os 34 funcionários se somam a outros dois já exonerados anteriormente. "Alguns são doutores, altamente capacitados. Tivemos casos de pessoas que pediram demissão por insegurança com o que vem ocorrendo na empresa. Buscaram outras oportunidades e foram trabalhar na Europa ou nos Estados Unidos, onde os brasileiros têm reconhecimento", disse Silvio. 

Segundo ele, faltou uma "grenalização" por parte de parlamentares gaúchos, que poderia beneficiar a permanência dos trabalhos no bairro Lomba do Pinheiro. "No início, houve uma adesão de deputados, que depois não apareceu mais. Por algum motivo, não quiseram enfrentar o governo federal”, opinou.

A saída dos profissionais se dá em meio ao processo de extinção da empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O presidente Jair Bolsonaro anunciou a dissolução da companhia em junho de 2020. Uma assembleia-geral, que chegou a ser adiada por conta de uma liminar em janeiro deste ano, confirmou o fim da "fábrica de chips"  e nomeou o liquidante, Abílio Eustáquio de Andrade Neto, que assinou as desonerações. Procurado pela reportagem, ele não se posicionou sobre o tema até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para manifestações. 

Mas a novela do processo, que tem previsão para encerrar até o fim de 2021, ainda deve render mais alguns capítulos. O Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MPTCU) solicitou, em abril, a suspensão da liquidação da Ceitec. "Ouvimos que, se seguir o processo, haverá ainda mais quatro levas de demissões até outubro. É uma saída de cérebros. Vai ficar um prédio vazio. Mas nem a definição sobre o destino do imóvel foi divulgado pelo Abílio", lamentou Sílvio.

A Ceitec é a única empresa da América Latina que atua na fabricação de chips e semicondutores.  

 


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