Em uma semana, internações por Covid-19 em UTIs dobram em Porto Alegre

Em uma semana, internações por Covid-19 em UTIs dobram em Porto Alegre

Com 84 pacientes em UTIs devido à Covid-19, a Capital registra o maior número de internações em 48 dias

Felipe Samuel

UTIs apresentam estabilidade no RS

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A Capital voltou a registrar aumento das hospitalizações por conta do novo coronavírus. Com 84 pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) com diagnóstico de Covid-19, o número de internações dobrou em uma semana. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), é o maior número em 48 dias.

Em 10 de janeiro, as UTIs tinham 42 casos confirmados para o novo coronavírus. Se o avanço da Covid-19 já impacta os serviços de urgência e emergência desde o começo do ano, as UTIs dos hospitais referência no tratamento da doença começam a sentir os efeitos do aumento do contágio

Desde 1 de dezembro do ano passado, quando havia 86 pessoas em estado grave com Covid-19, o sistema de saúde não tinha tantos pacientes com diagnóstico do novo coronavírus.

Diante do aumento de contaminados pela Covid-19, o chefe da Unidade de Gestão do Paciente Crítico do Hospital de Clínicas, Fabiano Nagel, alerta que é preciso redobrar os cuidados. "A pandemia ainda não acabou. A despeito de nós termos em Porto Alegre e Região Metropolitana um contingente de vacinados bastante elevado, não significa que as pessoas não possam adoecer. A vacina previne formas graves de Covid-19, não é um erradicador da Covid-19, como qualquer vacina", justifica.

Até o começo da noite, 631 pessoas estavam internadas leitos de terapia intensiva, o equivalente a uma taxa de lotação de 84,93%. E quatro hospitais não tinham leitos de UTI disponíveis: Nossa Senhora da Conceição, Ernesto Dornelles, Pronto Socorro e Restinga.

Mesmo com esse cenário, Nagel avalia que a situação está sob controle. "Existe uma demanda pelos serviços de emergência bastante grande por casos Covid-19 novamente, mas a demanda de leitos de terapia intensiva, a despeito de ter aumentado em relação ao que estava há quatro semanas atrás, ainda não está em situação de suplantação da capacidade do sistema", observa.

O médico intensivista reforça, no entanto, que a previsão de encerramento dos financiamentos de leitos de UTI via Sistema Único de Saúde (SUS), no dia 1 de fevereiro, deve impactar no atendimento aos usuários. Além disso, profissionais de saúde contratados temporariamente devem deixar suas funções.

"Esses contratos estão todos se encerrando e não vão ter renovação justamente por causa do financiamento", destaca. Ontem, o Rio Grande do Sul registrou 13.104 novos casos da doença, elevando o total de janeiro para 87.202. "Se nós não controlarmos os casos de Covid-19 e por consequência o número de internações em hospitais e UTI Covid 19, o que vai acontecer é que outras pessoas com outras doenças novamente vão ser prejudicadas e algumas delas vão perder a oportunidade para que seu tratamento seja efetivo ou mesmo que sua vida seja prolongada", frisa.

Na avaliação de Nagel, o aumento exponencial dos casos confirmados da doença pode impactar as cirurgias eletivas, que vão precisar ser canceladas principalmente nos hospitais de grande porte para que haja espaço para atendimentos de casos de Covid-19 graves.

"Essa é uma das poucas alternativas que nós temos. As emergências dos hospitais estão cheias, tem pacientes Covid-19 mas têm muitos pacientes não Covid-19. Esses pacientes precisam de leitos também tanto de enfermaria quanto de uti. À medida que nós aumentamos uma doença, no caso específico a Covid-19, nós vamos tirando espaço das outras", ressalta.

Nagel atribui o crescimento de casos principalmente ao afrouxamento das medidas de distanciamento social. "A grande questão é se nós tivermos muitas pessoas contaminadas proporcionalmente vamos acabar tendo uma parcela dessas pessoas que vai precisar de recursos hospitalares e UTI. Por isso continua sendo fundamental evitarmos que as pessoas se contaminem de forma maciça. Infelizmente o que parece estar acontecendo é o contrário disso", avalia. Ele reforça que o objetivo das vacinas é diminuir o número de casos e número de casos graves. "Isso as vacinas disponíveis para Covid-19 fazem muito bem", completa.


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