Embaixador e a cônsul do Uruguai participam de jantar com o presidente do Grupo Record Nacional

Embaixador e a cônsul do Uruguai participam de jantar com o presidente do Grupo Record Nacional

Presidente Luiz Cláudio Costa destacou que o encontro no Rio Grande do Sul ajuda a viabilizar a aproximação entre os dois países

Eduardo Andrejew

Presidente do Grupo Record Nacional, Luiz Cláudio Costa, recebeu o embaixador do Uruguai, Guillermo Valles

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O presidente do Grupo Record, Luiz Cláudio Costa, recebeu na noite de quinta-feira o embaixador do Uruguai, Guillermo Valles Galmés, e a cônsul-geral do Uruguai em Porto Alegre, Liliana Buonomo Zabaleta, para um jantar na sede da Record TV RS. O encontro também contou a presença de diretores do grupo de comunicação no Estado e de políticos. Na ocasião, Costa explicou que o evento era um jantar de retribuição aos encontros ocorridos com o embaixador anteriormente, em Brasília e em São Paulo. “Eu acho que o Uruguai é um país que está muito próximo, as duas culturas acabam se juntando muito, os interesses econômicos estão muito próximos”, disse, ressaltando que a maior proximidade e a integração entre as nações será benéfica para ambas.

Destacou ainda que o encontro no Rio Grande do Sul, Estado brasileiro fronteiriço ao Uruguai, é um lugar ideal para discutir futuras parcerias. Além de elogiar a postura proativa do embaixador, Costa destacou o empenho do governo do Estado em promover essa interação e em defender os interesses da população gaúcha. Costa reiterou ainda o empenho do Grupo Record em ajudar a viabilizar a aproximação entre os dois países. “O nosso trabalho é construir pontes”, definiu. Galmés, por sua vez, lembrou que a relação entre Brasil e Uruguai é muito antiga e os dois países partilham uma história em comum. “Uma mesma nação em dois países”, disse. O embaixador observou que há um trabalho para que a relação bilateral não se limite ao ponto de vista comercial, mas também no que se refere à infraestrutura física e à logística que, segundo ele, deve receber atenção maior. O embaixador citou o projeto da Hidrovia Lagoa Mirim-Lagoa dos Patos como prioritário.

“O que estamos tentando fazer é acelerar o processo de integração da Lagoa Mirim com a Lagoa dos Patos. Isso vai trazer uma mudança econômica e social na região Leste do Uruguai, que vai se integrar muito mais à economia e à sociedade do Rio Grande do Sul através da hidrovia, que é uma forma mais ecológica de transportar”, explicou. Como exemplo, citou a região leste do Uruguai, que tem terras muito férteis, porém não devidamente aproveitadas, uma vez que toda a produção é pensada para sair pelo Porto de Montevidéu, a 500 quilômetros de distância. Com a implantação da hidrovia, a produção naquela localidade ficaria a 200 quilômetros do Porto de Rio Grande. “Isso vai trazer progresso na fronteira”, salientou. O embaixador ainda falou sobre a cooperação entre Brasil e Uruguai no combate à pandemia da Covid-19, que considerou exemplar para o mundo.

A cônsul-geral também destacou que o projeto da hidrovia será importante para os dois países. “Estou absolutamente convencida de que as fronteiras físicas e políticas não existem, desde que nós possamos fazer coisas juntos onde o jogo é ganhar-ganhar”, garantiu. “Sabemos que isso traz benefícios não só econômicos, mas muito mais ainda sociais”, acrescentou, lembrando que haverá oportunidade para a implantação de empreendimentos turísticos e sociais na região. O chefe da Casa Civil, Artur Lemos, também participou do jantar. Ele elogiou a iniciativa do Grupo Record na construção de um relacionamento mais estreito entre os dois países, o que beneficia o Rio Grande do Sul. “No caso da hidrovia, o governo federal vem trabalhando na iniciativa de buscar a dragagem da Lagoa Mirim”, disse.

Segundo Lemos, o governo estadual gaúcho vem acompanhando e participando das reuniões sobre o projeto. “É um relacionamento entre países, dependemos do governo federal, mas sabemos que as reuniões que estão ocorrendo são justamente para buscar convergência e investimento”, comentou. O senador Luis Carlos Heinze disse que, desde março do ano passado, a demanda da hidrovia já vem sendo discutida com a União e representantes do Uruguai. “Há um projeto do governo uruguaio, já temos projeto do governo brasileiro”, explicou. Um dos entraves é a questão orçamentária, lembrou o senador. “O que nós viemos trabalhando desde então é uma alternativa com uma empresa paulista para fazer uma proposta de manifestação de interesse (PMI)”, disse, explicando que o assunto vem sendo analisado pelo secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni.

“Esperamos agora que, neste mês, possamos ter uma definição por parte do Ministério da Infraestrutura para que a empresa DTA, com expertise na área de portos e hidrovias no Brasil inteiro, possa vencer essa chamada feita pelo Ministério da Infraestrutura e, com isso, acho que uma grande obra que há uns 60 anos vem sendo discutida, poderá ser feita com recursos da iniciativa privada. Seria a primeira hidrovia público-privada da América Latina”, revelou. Os valores para a realização da obra, segundo Heinze, devem ficar em torno de 8 milhões de dólares. O senador ainda revelou que o presidente da empresa DTA, João Acácio, estará no Rio Grande do Sul nesta segunda-feira para fazer alguns estudos extras na região.

O diretor-presidente do Grupo Record RS, Carlos Alves, observou que a aproximação entre os dois países ocorre em um momento oportuno, quando o mundo busca se reerguer após o período crítico da pandemia de Covid-19. “O que mais a gente precisa neste momento é unir os parceiros e construir novas parcerias”, analisou. Alves reiterou que o objetivo principal do grupo de comunicação é valorizar o Brasil, aproximá-lo de outros países, incluindo aí as nações vizinhas. “E se a gente puder contribuir para que essa aproximação com a Record também aconteça e fortaleça o país através do nosso presidente, nós tentaremos isso”, afirmou. 

O diretor-geral da Rádio Guaíba, Jefferson Batista Torres, também destacou a importância do evento como iniciativa para fortalecer a integração entre Brasil e Uruguai. “Vai viabilizar a logística de transportes, vai fomentar o desenvolvimento dessas operações e vai facilitar para os dois países o transporte de mercadorias de diversos setores e diversos segmentos”, avaliou. “Então essa iniciativa do Grupo Record, de promover essa aproximação, é muito bem-vinda e nós esperamos bons resultados”, declarou. Também estavam presentes no jantar o presidente do Correio do Povo, Sidney Costa, o diretor de Relações Institucionais, Marcelo Cordeiro, o diretor de Redação do Correio do Povo, Telmo Flor, o diretor de Jornalismo da Record TV RS, Rogério Centrone, e o âncora da Rádio Guaíba, Júlio Ribeiro.

A hidrovia e outros projetos

A Hidrovia Lagoa Mirim-Lagoa dos Patos é um dos projetos apontados como prioritários pelo embaixador do Uruguai, Guillermo Valles Galmés. Segundo ele, a iniciativa representará um importante impulso nas trocas comerciais entre Brasil e Uruguai. A obra consiste na dragagem do Canal Sangradouro até a Lagoa Mirim, na fronteira entre os dois países, passando pelo Canal São Gonçalo, no município do Pelotas, até chegar a Rio Grande, sendo complementada pelo Porto de Taquari. "Se concretizada, trará vantagens logísticas, por conta da maior proximidade e redução de custos ambientais no comércio entre os países", acrescentou o embaixador.

De acordo com a secretária de Relações Federativas e Internacionais do Rio Grande do Sul, em Brasília, Ana Amélia Lemos, a principal questão é que o Brasil precisaria fazer a dragagem do Sangradouro. O investimento estimado, segundo ela, não ficaria por menos de 5 milhões de dólares. “Não é pouca coisa, mas também não é algo do outro mundo”, avaliou. O projeto já foi elaborado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e as licenças ambientais solicitadas. Segundo projeções do embaixador do Brasil no Uruguai, Antônio Simões, 12 meses seria o prazo para que todas as etapas sejam vencidas até a publicação do edital. Também mencionou a possibilidade de que a obra seja transferida para o setor privado mediante concessão.

Ana Amélia salientou, entretanto, que há dois outros projetos importantes com o mesmo objetivo de facilitar o comércio entre as duas nações. Um deles é uma ferrovia ligando Rivera, no Uruguai, a Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. “O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, lembrou dessa solução que já está nos planos do governo brasileiro, porque ali conecta com uma ferrovia que vai a Cacequi, e o Uruguai poderia escoar a produção daquela região do país, que seria o Norte do Uruguai, via Livramento para chegar ao Porto de Rio Grande”, explicou. Bastaria, acrescenta a secretária, fazer uma obra complementar para interligar uma rede já existente, com ajustes de bitolas e definição da velocidade dos trens.

Ana Amélia ainda citou a construção de uma terceira ponte sobre o Rio Jaguarão. A obra seria de concepção simples para baratear custos e se estuda a possibilidade de se fazer uma concessão binacional para sua realização, sem a necessidade de verba federal. Tanto para a ponte, como para a ligação férrea, não há ainda orçamento estimado. “Esse é um desenho muito importante, eu diria ambicioso, mas é uma coisa possível de se fazer”, avaliou. Ela observa que o grande entrave segue sendo a limitação orçamentária. “Na quarta-feira estivemos com o ministro Tarcísio Freitas e ele estava lembrando que o orçamento do Ministério era de R$ 20 bilhões e agora está limitado a R$ 6 bilhões para todo o país”, exemplificou.


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