Emergências pediátricas seguem lotadas em Porto Alegre

Emergências pediátricas seguem lotadas em Porto Alegre

O Hospital da Restinga e o Hospital de Clínicas mostravam maior lotação

Felipe Nabinger

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A situação das emergências pediátricas segue mostrando cenário de superlotação em Porto Alegre. Com a reabertura após períodos mais graves da pandemia da Covid-19, a volta às aulas e a maior circulação, doenças comuns em crianças no período de inverno chegaram mais fortes e antes do esperado. “Tivemos durante a pandemia uma ‘folga’. Houve a falsa ideia que talvez os vírus abandonassem as crianças. A imunidade delas é feita aos poucos. As crianças pegam de oito a 12 doenças virais por ano, com isso tendo uma imunidade melhor. Por terem ficado isoladas com os pais em casa, elas postergaram essa imunidade”, explica a pediatra e diretora do Simers, Anice Metzdorf. 

Dos 68 leitos pediátricos em hospitais da Capital, sendo 20 destinados à emergência psiquiátrica no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), conforme números do painel que monitora a situação das emergências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 92 estavam ocupados. Os que mostravam maior lotação eram o Hospital da Restinga, com 15 internados, sendo apenas seis leitos disponíveis, uma lotação de 250%, e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que conforme o monitoramento mostrava 17 internados para nove leitos, o que representa 189% de ocupação.

O chefe do Serviço de Emergência Pediátrica do HCPA, João Carlos Batista, no entanto, explica que o painel, apesar de fidedigno, é dinâmico. Em determinado momento, a ocupação na manhã chegou a 215%. Ele orientar que casos simples, de menor gravidade, não deveriam ir às emergências hospitalares, mas sim em Unidades de Pronto Atendimento. “Por outro lado, casos graves não podem perder tempo e devam procurar auxílio de pediatras emergencistas”, destaca.

A situação nas UPAs, no entanto, também está saturada. No Pronto Atendimento da Bom Jesus, dos 5 leitos pediátricos, 13 estavam ocupados, representando 260% da capacidade. A auxiliar de cozinha Ariana Souza da Rosa, 28, aguardava no local a mais de três horas o atendimento para o filho, o pequeno Kael, 1. “Está bem demorado. Vários desistiram. Eu vou esperar pois ele tem problema respiratório e febre é bastante perigoso. Pensei em ir no Hospital da Criança Conceição, mas veio gente de lá dizendo que estava bem complicado. Então preferi esperar aqui”, afirma.

O pedreiro Douglas Gomes Bandeira, 32, levou a filha Camila, 8, até o local. “Há muita gente que já abandonou e foi embora. Ela está com dor de garganta e dor no estômago. Viemos até aqui porque moramos perto e acreditei que seria mais rápido. Nos postos, só marcando antes. Não temos outra opção”, lamenta.

Nos últimos anos, conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), houve uma diminuição na oferta de leitos pediátricos pelo SUS. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), em fevereiro de 2018, eram 389 leitos pediátricos e 105 leitos de UTI pediátrica pelo SUS em Porto Alegre. Já em fevereiro de 2022, os números caíram para 293 e 84, respectivamente.

A redução da oferta deveu-se, especialmente, ao fechamento do setor Materno-Infantil do Hospital São Lucas da PUC, e à redução da oferta do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e da Santa Casa, ressalta a pasta. A SMS destacou a abertura de oito leitos no Hospital da Criança Conceição e negocia com a Santa Casa para reativar 16 leitos.


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