Empresários e deputados criticam instalação de pedágio na ERS-118

Empresários e deputados criticam instalação de pedágio na ERS-118

Projeto prevê a concessão de 1.131 quilômetros de rodovias estaduais à iniciativa privada

Felipe Samuel

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Em audiência pública da Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado da Assembleia Legislativa, deputados e representantes da sociedade civil voltaram a criticar nesta quinta-feira a possibilidade de instalação de uma praça de pedágio na ERS-118, entre Viamão e Gravataí. A criação de um posto de pedágio na rodovia, que integra o programa RS Parcerias, do governo do Estado, e prevê a concessão de 1.131 quilômetros de rodovias estaduais à iniciativa privada, está no centro dos debates.

Além de cobrar mais diálogo do Palácio Piratini sobre o assunto, o coordenador do Movimento RS-118 Sem Pedágio, Darcy Zottis, explica que a construção de um pedágio entre os dois municípios da Região Metropolitana deve aprofundar desigualdades sociais e resultar na saída de empresas dessas cidades. Para Zottis, a cobrança de pedágio deve encarecer produtos e aumentar o custo de vida da população. "Vai se criar um bolsão de pobreza no Rio Grande do Sul patrocinado pelo governador Eduardo leite", afirma.

Na avaliação de Zottis, as comunidades que vão ser atingidas com a implantação de um posto de pedágio sequer foram ouvidas pelo governo. "O objetivo é viabilizar que grandes concessionárias obtenham lucro. Não se ouviu vereadores, associações empresariais ou prefeitos. É um plano de negócios", afirma. Zottis, que também é diretor regional da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), alerta que o governo poderia ouvir sugestões das entidades, como incluir a RS-010 no bloco 1 do programa de concessão.

"O governo poderia conceder à iniciativa privada a RS-010, preservando a RS-118, que é estrutural, livre de pedágio", ressalta. O deputado Pepe Vargas (PT), que comandou a audiência pública, sustenta que é preciso 'pensar num controle social maior' da rodovia e maior diálogo do Palácio Piratini. "Seja com a participação dos usuários em conselhos, seja através de maior transparência na arrecadação, nos investimentos. São questões que necessariamente a AL vai ter que se debruçar", observa, acrescentando que uma nova reunião deve ser realizada nos próximos dias.

O deputado Vilmar Lourenço (PP) também fez críticas à concessão da rodovia, cujas obras já estão praticamente prontas. "Também quero pegar uma estrada pronta", ironiza. Para Lourenço, o governo tem uma grande oportunidade de fazer 'uma grande obra' em troca disso, deixando de 'pedagiar' a ERS-118 e entregar a RS-010 à iniciativa privada. "Defendemos o pedágio na RS-010, para que façam a estrada e depois passem a usufruir", destaca. A deputada Stela Farias (PT) ressalta a necessidade de mobilização da sociedade. E destaca a participação de entidades de classe empresarial.

A parlamentar que as obras da rodovia foram realizadas por vários governos durante duas décadas. "A ERS-118 levou mais de 20 anos pra ser concluída, com custo altíssimo para os cofres públicos", lembra. Ela reforça que a instalação da praça de pedágio vai prejudicar a população do Vale do Sinos e dois municípios com menor PIB per capita:  Alvorada e Viamão. "São 90 mil cidadãos que se dirigem de Viamão para a Região Metropolitana em busca do ganha pão, de emprego e renda. Em Alvorada são 60 mil pessoas", frisa.


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