Envelhecimento da sociedade: desafios e tendências da Economia Prateada

Envelhecimento da sociedade: desafios e tendências da Economia Prateada

Evento em Porto Alegre foca em aspectos do chamado público 60+, que cresce rapidamente

Henrique Massaro

Economia Prateada já é tida como uma indústria responsável pela movimentação de 7,1 trilhões de dólares por ano

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Em 2050, segundo projeções da World Population Ageing, o Brasil será o 6º país mais velho do mundo, ficando na frente de todos os países desenvolvidos. A estimativa faz parte de um processo de envelhecimento - ou de amadurecimento - que o país e mundo vêm passando, mas que a sociedade ainda não aprendeu a lidar. Você sabia, por exemplo, que estima-se que a economia e o consumo de pessoas acima dos 50 anos representa a terceira maior atividade econômica do mundo?

A chamada Economia Prateada já é tida como uma indústria responsável pela movimentação de 7,1 trilhões de dólares por ano – somente no Brasil, esse tipo de consumidor movimenta cerca de R$ 1,6 trilhões anuais. Muitas empresas também não se deram conta deste processo e prova disso é que a maior parte da publicidade gerada ainda não contempla pessoas acima dos 60 anos – conhecidas como 60+. Quem afirma é a Layla Vallias, uma das autoras da pesquisa Tsunami 60+, um grande estudo sobre os maduros e a geração do futuro e que contempla os dados citados. “Ainda é um público muito invisível, quatro em cada dez brasileiros acima dos 55 anos falam que falta produtos e serviços para eles."

Cofundadora da Hype60+, especializada em marketing do consumidor sênior, Layla foi uma das palestrantes convidadas do seminário gratuito “De Repente 60+”, realizado ontem em Porto Alegre pela ONG Parceiros Voluntários. De acordo com ela, as estatísticas mostram que as pessoas mais maduras consomem mais, mas muitas empresas ainda se focam em rejuvenescer suas marcas. “Em 2030 serão mais pessoas com 60+ do que adolescentes com até 14 anos. Estrategicamente, só focar em millennials (geração nascida entre os anos 1980 e 1990) não é um bom negócio”, comentou.

A projeção chama a atenção, mas uma estatística atual. Segundo dados da World Population Agein citados na pesquisa Tsunami 60+, pela primeira vez a população com mais de 60 anos passa a de 5 anos. “Temos mais avós do que netos no Brasil e não falamos disso, continuamos falando só de millennials. O país está envelhecendo e fingimos que não estamos vendo”, disse outra das autoras do estudo, Mariana Fonseca. Cofundadora a Pipe.Social, que faz curadoria e produção de conteúdo sobre tecnologias, tendências e impacto, ela ministrou atividade junto de Layla no evento realizado ontem na Capital.

Na workshop “Economia Prateada – Tendências e Negócios”, as especialistas vindas de São Paulo falaram para um grupo de empresários sobre as mudanças econômicas. Conforme Mariana, apesar de o envelhecimento estar ocorrendo mais rápido do que todas as projeções, a sociedade ainda tende a colocar todo o público acima dos 60 anos em uma mesma “caixa”. Ela explicou que, da mesma forma que a venda de um produto para uma criança e para um adolescente não pode ser igual, não faz sentido vendê-lo de um mesmo jeito para alguém de 60, 70, 80 ou 90 anos.

O “De Repente 60+” foi realizado ao longo da manhã e da tarde de ontem, e continua ao longo do dia de hoje no auditório da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs). Centenas de pessoas passam pelo evento, que foi aberto com apresentação de dança da Associação Cultural Amigos Para Sempre (Acaps). De acordo com o superintendente da Parceiros Voluntários, José Alfredo Nahas, além da questão do consumo, diversos outros aspectos do processo de envelhecimento da sociedade são abordados.

“Temos o grande objetivo de mostrar quem é esse publico, quando se olha mais profundamente, o Rio Grande do Sul hoje é o estado com maior índice percentual de idosos no país. O Brasil está na casa de 14% e o RS, próximo de 19%”, comentou Nahas. Citou ainda que trata-se de uma população que está altamente conectada e que tem acesso e interesse em novas tecnologias. Conforme o superintende, a ideia da Parceiros Voluntários era colocar luz na chamada Revolução da Longevidade, que precisa ser vista por todos os setores da sociedade.

O evento conta com patrocínio da Gerdau, Instituto Lojas Renner, PWC, Smiles e Sulgás. O Conselho Municipal do Idoso de Porto Alegre (Comui) apoia o seminário.


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