Especialista vê avanço da vacinação no RS como positivo, mas alerta sobre risco da Delta

Especialista vê avanço da vacinação no RS como positivo, mas alerta sobre risco da Delta

Pesquisador e professor na Ufpel, Pedro Hallal defende que terceira dose em idosos seja aplicada antes de adolescentes

Correio do Povo

Ainda conforme Hallal, o maior desafio no combate a pandemia e na vacinação no RS está na distribuição e na disponibilização de doses

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No dia em que previa ter completado a aplicação da primeira dose em toda a população gaúcha vacinável, o Rio Grande do Sul alcançou 85,7% o público vacinável com uma dose e 42,2% com o esquema vacinal completo ao final desta quarta-feira. Apesar de não ter cumprido a meta, os dados do Estado são considerados positivos, na avaliação do epidemiologista e professor na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal. Na avaliação do pesquisador, os números estaduais só não são “maravilhosos”, devido ao avanço da variante Delta, que é mais transmissível. 

“Os números do Rio Grande do Sul são bons números, 85% dos vacináveis e 42% com duas doses são bons números, ainda mais em comparação com a média nacional”, afirmou ele – em nível nacional, 60% do público adulto já tomou a primeira dose, enquanto 26,4% está com o ciclo vacinal completo. “Se tivéssemos nesse cenário, antes do surgimento da Delta, ele seria maravilhoso. Com a Delta, ele é um pouco mais complicado. A Delta está fazendo um estrago grande, por ser muito mais transmíssivel”, explicou ele, que coordenou o estudo sobre a prevalência do coronavírus no Estado. De acordo com o monitoramento genômico, 161 registros da cepa já foram diagnosticados no RS. 

“Esse estrago é proporcional ao número de não vacinados. Quanto mais não vacinados, maior será esse estrago. Como o RS tem um bom número de pessoas vacinadas, a Delta não deve causar tanto estrago aqui quanto em outras localidades, mas irá incomodar”, acrescentou Hallal. 

Ainda conforme o professor, o maior desafio no combate a pandemia e na vacinação no RS está na distribuição e na disponibilização de doses. De acordo com ele, este panorama felizmente se alterou, com o Ministério da Saúde enviando os lotes aos Estados. “Não vejo desafios logísticos. Os problemas são a falta de doses. Paramos de falar disso, felizmente. Espero que siga assim”, pontuou. 

Antecipação de segunda dose

Anunciada pelo Ministério da Saúde, na manhã desta quarta-feira, a antecipação da segunda dose da Pfizer e da AstraZeneca e a aplicação de uma terceira dose de reforço foram vistas positivamente pelo epidemiologista. “A ciência já é robusta o suficiente para garantir que será necessário uma terceira dose. Especialmente em idosos e pessoas com problemas de imunidade. Creio que para o RS não será um problema, mas será uma necessidade. Também entendo que a redução do intervalo entre as doses foi uma escolha certa do Ministério. Na Pfizer, não fazia sentido aquela espera longa. Na da AstraZeneca que é mais pôlemica, no nível individual, a imunidade é maior quando se afasta mais os períodos. No entanto, pensando no cenário coletivo e com o avanço da delta, faz sentido reduzir", salientou. 

No caso de ser necessário “escolher” quem imunizar antes, Hallal defende que idosos estejam na frente de criança e adolescentes, mesmo aquelas com comorbidades. “Se não tivermos vacinas para vacinar os dois grupos, não se tem dúvida, que é preciso vacinar primeiro os idosos com a terceira dose em relação aos adolescentes. É um cenário que se impõe”, concluiu. 

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