Especialistas alertam para crimes cibernéticos e fraudes bancárias

Especialistas alertam para crimes cibernéticos e fraudes bancárias

Videoconferência teve objetivo de promover a conscientização da sociedade para o uso da interne

Felipe Samuel

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Crimes cibernéticos e medidas adotadas pelos bancos brasileiros para evitar golpes foram assuntos tratados hoje durante a 2ª Semana da Segurança Digital, que se encerra neste sábado. Por meio de videoconferência, especialistas garantiram que o sistema bancário brasileiro é um dos mais seguros do mundo, mas alertam que cada vez mais os criminosos utilizam ferramentas sofisticadas para praticar golpes bancários.

Sob o tema “Aumento dos crimes cibernéticos e a Educação Digital”, a live - promovida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) - reuniu três especialistas com objetivo de promover a conscientização da sociedade para o uso da internet - a partir de uma educação digital - e os serviços digitais de forma segura. Conforme o Diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini, o sistema financeiro brasileiro é 'robusto', uma vez que já lida com ataques cibernéticos há alguns anos. "Houve necessidade dos bancos investirem e desenvolverem bastante os processos de proteção", argumenta.

Volpini afirma que o nível de conhecimento e sofisticação dos fraudadores no país é elevado e cobra endurecimento das penas àqueles condenados por crimes cibernéticos. "Temos dificuldade de punição mais forte a fraudadores", frisa, acrescentando que em outros países as punições mais rigorosas chegam a dez anos de reclusão por fraudes bancárias. "Quando conseguimos chegar no fraudador, a penalidade não é suficiente", completa. Um projeto de lei tramita no Senado para ampliar as punições a esses crimes. Mesmo assim, Volpini garante que o número de fraudes é pequeno em comparação com 'volume transacional'.

De acordo com o sócio-diretor da Tempest Security Intelligence, Aldo Albuquerque, a melhor forma para se proteger de crimes cibernéticos é 'conhecer a ameaça' e entender como os golpes são aplicados, pois muitas vezes os descuidos são dos próprios usuários. Albuquerque reforça que o cibercrime tem avançado no Brasil e no mundo. "Sem sombra de dúvida, os criminosos estão se atualizando", alerta. Ele observa que sempre existe um mote para a prática do crime, como o lançamento de uma ferramenta nova, como o sistema de pagamento apresentado pelo Banco do Brasil, Pix, ou o período eleitoral. "Tem quadrilhas que só trabalham com roubo de dados de cartão de crédito", adverte.

O agente da Polícia Federal Erick Siqueira reforça a importância de ações conjuntas entre os órgãos públicos e privados para evitar os golpes cibernéticos. Siqueira observa que este ano, durante a pandemia do novo coronavírus, uma parte da população passou por um processo de 'inclusão digital' por conta do auxílio-emergencial oferecido pelo governo federal. "É um público que não estava acostumado a essa cultura de segurança digital", pontua. Ele destaca que o crime organizado está cada vez mais especializado, atacando vítimas a milhares de quilômetros de distância, e que a melhor forma de prevenir golpes é por meio de prevenção e informação.

Siqueira lembra ainda que os crimes cibernéticos interessam a organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas. "O crime cibernético não é violento, mas é financiador de condutas violentas, como compra de armas e de drogas. Com isso está financiando indiretamente", afirma. Ele defende parcerias entre a PF e instituições bancárias no combate a esse tipo de crime. "É questão de segurança. Combate moderno ao crime só se faz com cooperação público e privado. É importante ampliar parcerias", conclui.
 


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