Especialistas discutem a possibilidade de uma terceira onda da Covid-19 no RS

Especialistas discutem a possibilidade de uma terceira onda da Covid-19 no RS

Chegada da variante delta deixa Estado atento a um novo crescimento no número de casos apesar do avanço da vacinação

Christian Bueller

Médicos pedem para que a população não deixa os cuidados de lado

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O Brasil passou, neste final de semana, a marca de 50% de pessoas vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19. O Rio Grande do Sul, inclusive, já antecipou a previsão de dar a primeira aplicação a toda população adulto no final de agosto. No entanto, a chegada da variante delta do coronavírus e o surtos recentes nos hospitais Nossa Senhora da Conceição e Vila Nova, em Porto Alegre, trazem a preocupação com uma eventual terceira onda da doença ainda neste ano. 

A diretora em exercício da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernanda Fernandes, diz que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está atenta, mas lembrou que o mês de agosto de 2021 chegou com a média inferior a cem casos novos diários, o que não acontecia desde o ano passado. “Temos, também, uma redução de internações em enfermarias Covid. Mas seguimos observando esta situação. Com o avanço da vacinação. É um cenário favorável para conter o avanço da pandemia. Apesar da variante delta, a tendência é de queda com estabilidade”, explicou. 

Segundo o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, Alexandre Zavascki, a chegada de uma terceira onda da pandemia é possível. “Basta olharmos em outros locais do mundo. Em alguns países, o percentual de vacinação é superior ao que temos aqui no Brasil”, lembrou. A expectativa do médico é que, com a presença da variante delta, mesmo que haja um aumento no número de casos expressivos, a ponto de configurar uma nova onda, a população não apresente um comportamento de muitas pessoas em um quadro grave, justamente em virtude da vacina. “Nos outros países com a delta, a imensa maioria dos casos graves ocorre em não vacinados. E temos uma proporção razoável de vacinados. Como a delta pode infectar vacinados, pode haver um amento de casos, mas sem a proporção de internações da outra onda”, analisa. 

Zavascki também identifica um postura de descuido em muitas pessoas, mesmo que a pandemia ainda não tenha terminado de fato. “Não é o indicado quando ainda tem muito vírus por aí ainda. Se você ficar todo dia se expondo, acaba desafiando sua imunidade, pois a proteção está relacionada ao nível de exposição. Dependendo da situação, a imunidade conquistada não consegue bloquear uma grande quantidade de vírus”, alerta o infectologista, ressaltando que a variante delta pode superar a variante gama, identificada primeiramente em Manaus no fim do ano passado. “Esperamos que haja menos hospitalizações, mas não podemos bater o martelo sobre isso porque não temos uma proteção vacinal não tão ampla”, advertiu. 

Já o infectologista José David Urbáez, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) é mais taxativo quanto a falta de precaução das pessoas que se expõe mais do que o indicado pelos especialistas. “No Brasil, conseguiu-se normalizar uma hecatombe sanitária sem precedentes e as pessoas vivem na maioria dos casos como se não houvesse uma pandemia. Por isso, as previsões são de que esta terceira recrudescência seja muito intensa porque saímos de um degrau muito alto e de uma circulação viral muito intensa, que vai se intensificar ainda mais", explicou. 


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