Especialistas não veem aumento expressivo de casos graves com ômicron em Porto Alegre

Especialistas não veem aumento expressivo de casos graves com ômicron em Porto Alegre

Nova cepa da Covid-19 apresenta maior transmissibilidade, o que preocupa para alta de internações

Felipe Samuel

Hospitais se preparam para possível aumento de internações

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No momento em que a Europa observa a rápida disseminação da nova variante do coronavírus, a ômicron, com alguns países anunciando uma série de restrições, o Brasil monitora o avanço da doença nas principais capitais. Embora seja considerada por especialistas menos agressiva, nova cepa apresenta maior transmissibilidade. Diante desse cenário - e com a proximidade das festas de fim de ano - a comunidade médica está em alerta. Por conta da vacinação avançada no país, o infectologista André Luiz Machado, que atua no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HSNC), afirma que se a estratégia de imunização for mantida e a população se conscientizar da necessidade de cumprir o esquema vacinal, a demanda por internações não deve ser significativa. "Tem uma expectativa de que não tenhamos casos graves com necessidade de internação", avalia.

No Rio Grande do Sul, o primeiro caso confirmado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) foi registrado no começo do mês, em 3 de dezembro. Por conta do cenário atual, com poucos casos da ômicron na Capital, ele explica que o Conceição não precisou ampliar os leitos de internação destinados a pacientes Covid-19. "O hospital tem um planejamento que contempla aumentar número de leitos, caso seja necessário, além daquele quantitativo que foi aumentado durante a segunda onda pela variante Gama que tivemos no Brasil no início deste ano", garante. Conforme Machado, a experiência adquirida pelas equipes médicas durante a pandemia serviu para definir estratégias de assistência para a população que precisa de internação.

Em relação à pandemia, ele explica que independente de qual variante esteja circulando, de 10% a 15% dos indivíduos contaminados pelo SARS-Cov-2 vão precisar de internação. "Com relação à ômicron, o que a gente está vendo é que a internação, a demanda, não é tão significativa assim quanto à transmissibilidade da doença justamente porque a maioria da população está imunizada", destaca. Machado alerta, no entanto, que apenas 11% da população brasileira tomou a dose de reforço, o que é "considerado muito baixo", especialmente com a proximidade das festas de fim de ano.

Segunda quinzena de janeiro pode apresentar aumento de internações

"A gente passa por um período muito sensível em relação a aglomerações com as festas de final de ano. Está tudo muito atrelado a isso. Se a gente for buscar modelos epidemiológicos, espera-se, se de fato a variante ômicron se sobrepor no nosso país, que na segunda quinzena de janeiro a gente possa vir a ter um aumento expressivo no número de casos. Mas isso é uma suposição", observa. A recomendação é para que todas as pessoas que completaram quatro meses do seu esquema vacinal tomem a terceira dose.

A primeira morte registrada nos Estados Unidos pela variante Ômicron nos EUA, de um homem de 50 anos que já havia contraído a doença, mas não tinha tomado a vacina contra Covid-19, serve de alerta para quem ainda não recebeu sequer a primeira dose. "A chamada imunidade ativa, que é a proteção desencadeada por doença, de fato ocorre, mas ela não é perene. Além disso, os indivíduos com imunidade ativa estão sob risco de desenvolver doença 5 vezes mais do que aqueles que têm imunidade passiva, que é por vacina", afirma.

Brasil não abriu mão do uso de máscaras

Na avaliação do especialista, medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e distanciamento social, são fundamentais para evitar a disseminação do vírus e diminuir o número de casos. Conforme Machado, diferentemente de outros países da Europa e dos EUA, que aboliram o uso do equipamento, o Brasil não abriu mão 'dessa estratégia'. "Talvez isso seja um dos motivos que a gente possa conseguir frear um pouco o impacto dessa variante no nosso país", avalia. Outra vantagem do país é o fato de começar a imunizar a população depois do hemisfério Norte. "A gente ainda tem uma população protegida".

O trabalho desenvolvido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) também é elogiado. "Independentemente de quem está no governo, o PNI, pelo fato de ter uma postura muito técnica, tem favorecido a todos os brasileiros em relação a imunização. Há todos esses fatores que a gente tem que levar em conta e, talvez, isso nos dê uma vantagem em não vir a ter uma explosão no número de casos", pondera.


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