Espetáculo teatral atrai estudantes para discutir responsabilidade no trânsito

Espetáculo teatral atrai estudantes para discutir responsabilidade no trânsito

Evento ocorreu na Assembleia Legislativa do RS nesta quarta-feira

Franceli Stefani

Evento ocorreu na Assembleia Legislativa do RS nesta quarta-feira

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Mais de mil pessoas compareceram no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira, para assistir o espetáculo "Últimos Dias de Super Herói". O evento realizado pela Fundação Thiago Gonzaga marcou o encerramento da Semana Nacional de Trânsito e levou, em duas sessões, estudantes de instituições de ensino de Porto Alegre e Região Metropolitana para aprender mais sobre a área. A peça desmistificou a cultura do herói, que é o sentimento presente entre jovens e adolescentes com a sensação de imortalidade. Envolventes, os atores mostraram de forma lúdica as situações vivenciadas pelos espectadores, com a linguagem simples, sem regras, números e estatísticas.

A aluna Lívia Rodrigues da Fonseca, 12 anos, foi uma das estudantes que gostou da apresentação dos atores. Ela se identificou com o espetáculo porque seu padrinho perdeu a vida no trânsito. "Agora, vou pensar mais antes de andar usando o celular, vou prestar mais atenção", garantiu. De acordo com a idealizadora da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga e a diretora institucional do Detran, Diza Gonzaga, outra ideia foi mostrar ao público que nas estradas é fundamental refletir sobre o papel como pedestre, ciclista, skatista, usuário de transporte público e futuro motorista. “A semana, que iniciou no dia 18, é justamente para chamar atenção da sociedade sobre assunto e mostrar que não são máquinas circulando, mas vidas”, ressaltou. Sensibilizar os jovens para que eles se tornem disseminadores de informações. “Trânsito é vida, mais do que questão política é questão de educação e exige mudança de comportamento, para isso nada melhor que receber crianças, adolescentes e jovens”, informou.

Enquanto isso, no saguão, alguns alunos experimentavam pedalar utilizando um óculos com realidade virtual. O responsável por Políticas Públicas e Relações Internacionais da fundação, Eduardo Cesar Bohn, disse que a ideia é que a pessoa se coloque no lugar da outra. “Quem participa do simulador consegue ver através do equipamento um cenário real, como se tivesse em uma ciclovia, andando na rua”, explicou. A ideia é fazer com que o cidadão se coloque no lugar do outro, tenha empatia. Foi o que fez a estudante Dulce Santos Barbosa, 11 anos. “Achei muito interessante, parecia que eu estava na estrada mesmo, vi outros carros, pessoas e um caminhão.”

De acordo com Diza, o gaúcho está, aos poucos, mais consciente no trânsito, porém ainda há muito para evoluir. Ela comentou sobre o projeto de lei encaminhado ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro, que flexibiliza o uso da cadeirinha. “Acho um atentado. Sabemos que 73% das crianças podem ser salvas com o equipamento de retenção infantil, então não dá para abrir mão, não dá para flexibilizar com a vida. Não é questão política, estamos falando de vida”, reforçou. Outro ponto observado por ela é referente aos controladores móveis retirados das rodovias federais. “É uma temeridade. Enquanto nós não tivermos a educação, nós temos que ter fiscalização eficiente e a punição”. 

Em sua visão, o ideal seria que daqui alguns anos o Brasil fosse como a Suécia, por exemplo, onde há pouca fiscalização porque já há consciência do condutor. “Eu vejo as pessoas falando sobre a indústria da multa, tenho medo da gente se transformar na indústria da morte. Não é momento no país que está entre os cinco que mais matam no trânsito no mundo, flexibilizar as leis, retirar controladores. É uma temeridade”.

Empatia no Trânsito

Lançado na abertura da semana, o Detran lançou o movimento "Empatia no Trânsito – Você no Lugar do Outro" que, segundo Diza, levará ao público a importância de se colocar no lugar do outro no trânsito – tanto faz se circula a pé, de bicicleta, skate, moto, carro, ônibus ou caminhão. A iniciativa visa inspirar e desencadear o engajamento de toda a população gaúcha para a cultura do bem nas relações do trânsito no Estado. “De nada adianta investir nas ruas e estradas, se não houver empatia. É isso que esse movimento quer, que cada um entenda o seu papel no deslocamento e aja com gentileza, respeito e, principalmente, zelo pela vida”, ressaltou.


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