Estudantes de Medicina protestam contra possível fechamento de setor do Hospital São Lucas

Estudantes de Medicina protestam contra possível fechamento de setor do Hospital São Lucas

PUCRS informa que hospital passa "por um amplo movimento de reposicionamento"

Cláudio Isaías

Residentes e estudantes de medicina protestaram contra o fechamento do centro materno-infantil

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Pelo menos 200 médicos residentes e estudantes de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) realizaram um protesto na manhã desta sexta-feira em frente à reitoria da universidade. O ato foi contra o possível fechamento do setor materno-infantil e obstetrício do Hospital São Lucas.

Os manifestantes levaram cartazes com frases de apoio a unidade como "Salve a maternidade do HSL da Pucrs", "Saúde não se negocia!", "Saúde não é mercadoria. Em defesa da escola de medicina" e "Se essa é a melhor escola de medicina privada do país, o que sobra para o resto?".

A manifestação contou ainda com a presença de professores e alunos dos cursos de enfermagem e serviço social. O grupo ficou posicionado em um gramado em frente a reitoria com um cartaz com a frase "Em defesa da materno-infantil do HSL da Pucrs”.

As médicas residentes Carolina Fagundes Dias Fonseca (pediatria) e Renata Azevedo e Kelly Mallmann (Obstetrícia) lamentaram a tentativa de fechamento do serviço que funciona há 40 anos. "80% das demandas da unidade são do Sistema Único de Saúde (SUS) e a população ficará desassistida", ressaltou Carolina Fagundes.

Por volta das 8h30min, uma comissão formada por acadêmicos do curso de Medicina, médicos residentes, integrantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) foi recebida pela direção do hospital. No final da manhã, um representante da universidade também se reuniu com os manifestantes em um auditório do hospital para tratar do futuro da instituição de saúde.

Na quinta-feira, os alunos de Medicina realizaram um protesto contra o possível fechamento do setor materno-infantil do São Lucas. Carolina Fagundes informou que as mudanças poderão ocorrer em até 60 dias e poderão resultar no fechamento do setor. O médico residente Thomas Dias Souto Gravi (ginecologia/obstetrícia), que assumiu em 1º de março no hospital, afirmou que estava perplexo com a situação e que não acreditava que um serviço referência para a cidade seria fechado.

Em defesa dos médicos, dos estudantes e da população o presidente do Simers, Marcelo Matias, e a diretora do Metropolitano, Alessandra Felicetti, procuraram o Ministério Público e denunciaram o possível fechamento do setor Centro Materno-Infantil do Hospital São Lucas. Já a PUCRS divulgou nota na quinta-feira em que não confirma nem nega a possibilidade de fechamento da área materno-infantil do Hospital São Lucas.

“O Hospital São Lucas está passando por um amplo movimento de reposicionamento. As transformações, previstas para ocorrer em 2020, estão embasadas em estudos sólidos realizados nos últimos dois anos, com a participação de consultorias especializadas, contratadas pela entidade mantenedora do HSL. As iniciativas respondem aos indicadores que apontam transformações na demanda atual e futura da população na área de saúde, decorrentes da rápida mudança no perfil epidemiológico, fruto da inversão da pirâmide etária da população que é ainda mais acelerada no Rio Grande do Sul. Tão logo os projetos sejam finalizados, serão divulgados com total transparência para a comunidade".

Com o fechamento, o setor e o ensino seriam transferidos para o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), o que segundo Simers, levaria a desassistência e a perda de qualidade na assistência dos partos que ocorrem na cidade, sem contar com o fechamento das internações na UTI neonatal, pediátrica, internações na pediatria, emergência, ambulatórios além das cirurgias pediátricas. Outro fator que seria prejudicado é a formação de estudantes de Medicina que estudam na universidade e absorvem conhecimento dentro das áreas de pediatria e obstetrícia.


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