Estudantes prometem protesto contra aumento da passagem de ônibus

Estudantes prometem protesto contra aumento da passagem de ônibus

Prefeitura de Porto Alegre encaminhou Comtu os cálculos que podem fazer o valor subir R$ 0,40 ou R$ 0,45

Henrique Massaro

Prefeitura e ATP querem um aumento de R$ 0,40 ou R$ 0,45 para a tarifa de ônibus de Porto Alegre

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Estudantes da Capital vão realizar um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, proposto pela prefeitura de Porto Alegre na quarta-feira. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o Executivo encaminhou ao Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu) os cálculos que podem fazer o valor subir R$ 0,40 ou R$ 0,45 em relação ao preço cobrado atualmente, que é de R$ 4,30.

A União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa) define a data e os rumos da mobilização. A presidente da Umespa, Vitória Cabreira, classificou como absurda a projeção de aumento da tarifa e disse que essa não é a solução para melhorar o transporte público da Capital.

“Para nós é um absurdo o valor que eles estão propondo para a tarifa, justamente porque hoje nós temos um sistema que não tem qualidade alguma. A qualidade não corresponde a esse valor. Achamos que o real problema do transporte público é que as pessoas estão deixando de usar ônibus. O certo não é aumentar a passagem e sim combater o real problema do transporte. Vamos fazer o possível para tentar barrar esse aumento”, afirmou a estudante.

Uma reunião definirá a data e a forma do manifesto. “Já fomos contra, por exemplo, no valor do ano passado e, além disso, temos a questão do meio passe do estudante que a prefeitura usa como desculpa dizendo que o benefício impacta 10 centavos na tarifa”, ressaltou.

Assim como no ano passado, foram enviadas duas possibilidades de cálculo para deliberação do Conselho. A primeira se baseia na chamada tarifa ordinária, com os cálculos previstos em lei, o que resulta em um valor de R$ 4,75.

A segunda leva em consideração a projeção de um desconto, resultado da lei que extinguiu a gratuidade para idosos de 60 a 64 anos que ainda não tenham o cartão TRI. Nessa segunda possibilidade, a tarifa projetada é de R$ 4,70.

De acordo com a prefeitura, se não fosse por essa medida e outras, como a otimização e racionalização de linhas e o decreto que determinou desconto de 50% na segunda passagem (exceto para estudantes), a passagem poderia chegar a R$ 5,15. Segundo o Executivo, outras iniciativas, como a lei que retira a obrigatoriedade de cobrados e a que condiciona o desconto da passagem escolar à renda familiar podem vir a reduzir ainda mais a tarifa.

O diretor executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), Gustavo Simionovschi, afirma que a entidade ainda analisa o processo, mas que está de acordo com as propostas da prefeitura.

“No primeiro olhar, realmente é o cálculo. São os custos que o sistema tem.” A ATP havia sugerido uma tarifa a R$ 4,78, que contabilizava gastos com melhorias como GPS e reconhecimento facial, mas que não incluía a redução da gratuidade para idosos.

Apesar de concordar, a ATP reconhece que a tarifa se torna cada vez menos atrativa. Segundo o diretor executivo, o valor na Capital deveria ser entre R$ 3,20 e R$ 3,25, mas os usuários acabam pagando R$ 1,50 a mais em função da quantidade de isenções. Trata-se, ainda conforme ele, de um dos maiores índice do país - mais de 31%, enquanto a média nacional fica entre 18% e 20%.

“Em termos simples, a cada três pessoas que sobem no ônibus, duas pagam 50% a mais e uma anda de graça”, comenta. Diz também que há uma parcela de pessoas que burlam o sistema, utilizando o cartão de um usuário isento, razão pela qual os investimentos em tecnologia se fazem necessários. Simionovschi afirma que a ATP não é contra as isenções, mas defende uma revisão.

Na visão do diretor executivo, não se trata de tirar de quem é isento, mas fazer com que a sociedade custeie esses valores em vez do restante dos usuários. Algumas sugestões são referentes a taxas que os veículos particulares paguem para cobrir as isenções, já que, de acordo com ele, um ônibus representa menos 48 carros nas ruas.

O diretor ainda frisa que reduções de tarifa passam por um processo de o transporte coletivo ter mais prioridade para circular - com corredores e faixas específicas - e retirada de impostos do setor, já que, de 1999 a 2017, o diesel subiu 194% a mais do que a gasolina. Após o recebimento do cálculo, o Comtu tem sete dias para avaliar e votar pela aprovação ou não do novo valor da passagem. Se não for aprovado, pode haver uma nova discussão. Se aprovado, o reajuste retorna para o Executivo para sanção do prefeito Nelson Marchezan Jr.


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