Estudo aponta dois rumos ideais para a Carris, um deles é a privatização

Estudo aponta dois rumos ideais para a Carris, um deles é a privatização

Empresa municipal atende 22% do transporte de Porto Alegre e teve um resultado negativo de R$ 6,4 bilhões em 2019


Gabriel Guedes

Carris teve um resultado negativo de R$ 6,4 bilhões em 2019

publicidade

Restando três dias para terminar o ano de 2020, foi apresentado nesta terça-feira o resultado parcial de um estudo sobre a Carris, feito por uma consultoria contratada pela Prefeitura de Porto Alegre. O trabalho, que foi coordenado pela Secretaria Municipal de Parcerias Estratégicas (SMPE), tem como objetivo encontrar soluções para diminuir os aportes feitos pela prefeitura na companhia de transporte coletivo urbano. 

Durante a apresentação, feita pelo secretário adjunto de Parcerias Estratégicas, Fernando Pimentel, foram apresentados quatro cenários para a Carris e também propostas para melhorar e sanar problemas atuais de gestão da empresa. Ao final, o estudo elege a manutenção da empresa como está, mas com aplicação das medidas de melhoria, ou a privatização da empresa e por consequência, de suas linhas. “Não descartamos nenhuma possibilidade para a Carris", afirma o titular da secretaria, Thiago Ribeiro.

Pimentel avisa que o estudo olha apenas para a Carris e não para o sistema como um todo, bem como prevê hipoteticamente tarifas em um cenário mais agressivo. A empresa municipal atende 22% do transporte da Capital e teve um resultado negativo de R$ 6,4 bilhões em 2019.  

Soluções

O estudo elencou algumas soluções como produtos. O primeiro produto proposto pelo estudo propõe adequar a frota frente à demanda. No segundo, a empresa reduziria frota fixa, passando algumas linhas para outras concessionárias. Já o terceiro produto propõe 33 melhorias. 

Neste caso, as principais seriam a reformulação sistemática do Plano de Demissão Voluntária (PDV), capacitação de motoristas – para reduzir o consumo de combustíveis, 27% maior em relação às consorciadas -, implantação de meios eletrônicos de pagamento de passagem, desobrigando o recebimento de dinheiro, terceirização de serviços, integração ao sistema TRI e implantação de um sistema integrado de gestão empresarial. 

O quarto é deixar a empresa como é, sem mudanças drásticas, o que geraria um aporte pela Prefeitura de R$ 300,4 milhões nos próximos 10 anos. No quinto produto, a privatização da Carris.

O sexto produto do estudo mostra cenários de possíveis soluções. O primeiro é a relicitação das linhas e privatização, o segundo, relicita as linhas e liquida a empresa e o terceiro propõe a redução das operações, com relicitação de algumas linhas. Por último, propõe manter as operações como estão, mas desligar a Carris da Câmara de Compensação Tarifária (CCT), uma espécie de fundo que tem objetivo de assegurar o equilíbrio financeiro entre as concessionárias de transporte público e a Prefeitura, mas que acaba retirando recursos da empresa. 

“A saída da CCT não seria favorável. Os ganhos de receita seriam inferiores à compensação dos custos projetada. A liquidação também não é vantajosa se comparada à privatização, pois precisa dar solução para cerca de 2 mil trabalhadores, com elevado custo de passivos trabalhistas. A redução das linhas também não é positiva, pois as perdas de receitas não compensam a diminuição dos custos”, explica Pimentel. 

Medidas transversais 

A manutenção das operações, segundo o secretário adjunto, só seria vantajoso, segundo o estudo, com a aplicação de medidas transversais como a extinção dos cobradores, do dinheiro em espécie nos ônibus, além da venda do terreno e aluguel e da criação de uma parceria público-privada (PPP) para terceirizar áreas administrativas e de manutenção, entre outras medidas para a gestão da companhia. 

A privatização, por ser uma solução mais versátil e eficiente para os funcionários celetistas, também seria um dos dois desfechos ideais para empresa, conforme apontou a consultoria Valor & Foco. “É uma decisão para a próxima gestão. Não cabe a gente definir este destino”, pontua Pimentel.

Agora, com início da gestão de Sebastião Melo, a equipe do prefeito eleito terá que escolher um destes cenários, de onde a consultoria irá fazer um relatório de avaliação econômico-financeira e jurídica final e um relatório consolidado dos trabalhos.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895