Estudo inédito deve analisar avanço da Covid-19 no RS

Estudo inédito deve analisar avanço da Covid-19 no RS

Pesquisa será feita através de testes rápidos

Jessica Hübler

Serão aplicados 18 mil testes rápidos, em quatro momentos diferentes

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Os primeiros resultados de um estudo inédito que vai estimar, com base científica, o percentual da população gaúcha infectada pela Covid-19 e o ritmo de avanço da pandemia no Rio Grande do Sul, poderão ser divulgados no sábado. A informação é do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal, que coordena o trabalho realizado por um grupo de especialistas de outras quatro universidades federais do RS. 

A iniciativa é do governo do Estado e surgiu nas discussões internas do Comitê de Análise de Dados sobre a pandemia, instituído há poucos dias pelo governador, e que tem no comando a titular da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), Leany Lemos. A divulgação dos primeiros dados, conforme Hallal, dependem do envio dos testes rápidos por parte do Ministério da Saúde, o que deve ocorrer ainda esta semana. “O que depende da universidade está tudo pronto, se chegarem os testes, a gente começa as coletas de dados na quinta-feira e em 48 horas já teremos os primeiros resultados”, explicou.

De acordo com Hallal, serão aplicados 18 mil testes rápidos para detecção da doença, em quatro momentos diferentes. O levantamento seguirá o critério do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a divisão do estado em regiões intermediárias: Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul/Lajeado e Região Metropolitana de Porto Alegre. A pesquisa incluirá quatro “ondas” populacionais realizadas a cada duas semanas por meio de visitas domiciliares, quando os participantes serão submetidos a uma entrevista e a um teste rápido para o novo coronavírus.

Segundo Hallal, serão 4,5 mil testes por “onda”, com distribuição de quinhentos por cidade e 1 mil para a Região Metropolitana. “Não existe nenhum barco que navega se não tiver direcionamento, estamos nesse momento a deriva, sendo liderados pelo vírus, e precisamos ser liderados por informações científicas de qualidade. Precisamos dessas informações para tomar as rédeas dessa situação, os dados da pesquisa que vamos produzir são inéditos no mundo, não existe nenhum estudo como esse que está sendo desenhado aqui”, reiterou.

Além disso, ele enfatizou que, com base nos dados que serão coletados, será possível que os órgãos de saúde possam traçar novas estratégias ou reforçar as que já estão em andamento. “Não temos nenhuma ideia de quanto tem de infecção pelo novo coronavírus nesse momento na população, a pesquisa vai responder essa pergunta e também vamos saber quão rápido a infecção está se espalhando, por exemplo”, enfatizou.

“RS servirá de exemplo”

Doutor em Epidemiologia, Hallal observou que o perfil do trabalho permitirá conhecer os primeiros resultados sobre a prevalência da Covid-19 na população dois dias após a aplicação dos testes. "Ao conhecermos a proporção de infectados e a velocidade de expansão da doença, poderemos recomendar estratégias para os serviços de saúde baseadas em dados reais, da nossa própria população. É algo que todos os governos, locais, regionais e nacionais precisam nesse momento. O RS servirá de exemplo para outras regiões, certamente", destacou o reitor.

Diante da impossibilidade material de testar a população em geral (atualmente o diagnósticos são realizados em casos de internação), o estudo de prevalência da doença é um mecanismo seguro para estimar o percentual de infectados a partir de testes em pessoas selecionadas.

A titular da Seplag, Leany Lemos explicou que este time já vinha oferecendo estudos e indicadores para avaliação do governo, a partir da situação do coronavírus em outros estados e países e dos primeiros diagnósticos no RS. “Conseguimos projetar alguns cenários, mas que agora, com essa testagem amostral na população, será possível identificar focos e fazer políticas de contenção social. Teremos evidências inéditas e que serão importantes para dimensionarmos as reais necessidades do sistema de saúde”, acrescentou a secretária.


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