Estudo mostra efeitos da Covid-19 no trato urinário e disfunção erétil

Estudo mostra efeitos da Covid-19 no trato urinário e disfunção erétil

Mais de 88% dos participantes indicaram sintomas, principalmente urinários

Agência Brasil

Pacientes testados para a doença indicaram sintomas

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Um estudo realizado com 255 adultos – 138 homens e 117 mulheres, internados com diagnóstico de Covid-19 no Hospital das Clínicas em 2020 – constatou casos descritos de sintomas de trato urinário inferior (LUTS) na fase aguda da doença. Os dados serão apresentados a partir deste domingo, no 38º Congresso Brasileiro de Urologia, em Brasília.

De acordo com a pesquisa, 88.4% dos homens e 90.6% das mulheres relataram a presença de ao menos um dos sintomas avaliados pelo questionário International Prostate Symptom Score (IPSS). O IPPS – desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – é baseado em oito perguntas e visa monitorar, diagnosticar e direcionar o tratamento de pacientes portadores de hiperplasia prostática benigna.

A pesquisa apontou, ainda, que os sintomas mais prevalentes foram noctúria (62.0%), que também é chamada de diurese noturna, e frequência miccional aumentada (50.2%). As outras notificações verificadas foram frequência por urgência (42.0%), esvaziamento incompleto (39.2%), jato fraco (29.8%), intermitência (29.4%) e esforço miccional (20.0%). A prevalência de LUTS moderados a graves ficou em 42.4%, tanto em homens quanto em mulheres.

Entre os pacientes, 44.5% dos participantes da pesquisa se mostraram insatisfeitos com sua qualidade de vida em relação aos LUTS. “O aumento da frequência miccional é caracterizado pelas idas ao banheiro em intervalos curtos, menores que 2h, durante o dia. A noctúria é o ato de acordar à noite para urinar”, informou a urologista Julia Souza, uma das autoras do estudo.

Avaliação multidisciplinar

Os pacientes do estudo foram convidados a participar de avaliação multidisciplinar seis meses após a alta. Foram considerados os dados sociodemográficos e clínicos e informações sobre a internação, como tempo de estadia, necessidade de terapia intensiva, intubação e hemodiálise.

Além de avaliar a prevalência de LUTS seis meses após a hospitalização para tratamento da covid-19, a pesquisa investigou a correlação entre comorbidades e parâmetros de gravidade da doença pandêmica e a prevalência de LUTS, cuja presença foi avaliada por meio do questionário International Prostate Symptom Score (IPSS).

Conforme os pesquisadores, os participantes classificaram a própria saúde como “muito ruim, ruim, razoável, boa ou muito boa”. A idade média dos participantes foi 57,3 (43,9 – 66,7) anos. Homens e mulheres eram comparados em termos de idade, nível educacional, atividade física, saúde geral, comorbidades e parâmetros de gravidade da covid-19.

Na análise multivariada e ajustada para idade, a diabetes e a percepção da própria saúde como moderada, ruim ou muito ruim, foram os únicos fatores associados a maior risco de LUTS moderados a graves.


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