Europa supera 30 milhões de casos e pandemia se agrava no Brasil e México

Europa supera 30 milhões de casos e pandemia se agrava no Brasil e México

Mutação originada na Amazônia brasileira, e que já foi detectada no Japão, preocupa a comunidade internacional

AFP

Média nacional de óbitos causados pela Covid é de 98,5 por 100 mil habitantes, índice que sobe para 159 no Rio de Janeiro e 143 no Amazonas

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A Europa superou, nesta sexta-feira, 30 milhões de casos de coronavírus, e países como a Alemanha vivem situações mais graves do que na primeira onda desta pandemia, que tem provocado recordes alarmantes de mortes e infecções no Brasil e no México.

Em todo mundo, o coronavírus já matou quase dois milhões de pessoas e causou 92 milhões de infecções. Os 52 países que compõem a região da Europa, que inclui Rússia e Azerbaijão, por exemplo, são a zona mais afetada.

A região contabiliza 646.022 mortes por Covid-19, à frente da América Latina e Caribe (542.243) e dos Estados Unidos e Canadá (406.049). Em número total de infecções, a Europa também supera Estados Unidos e Canadá (23.994.507), América Latina e Caribe (16.989.628) e Ásia (14.485.588).

Entre os países europeus que vivem aumentos preocupantes de casos nos últimos sete dias, destaca-se a Espanha, onde as infecções aumentaram 168%, seguida de Portugal e Bélgica.

A situação também é grave na Alemanha, onde os dois milhões de casos foram superados nesta sexta. O país, que se saiu relativamente bem durante a primeira onda, somou mais 22.368 casos e 1.113 mortes nas últimas 24 horas. O número total de óbitos de aproxima de 45.000.

Em uma reunião do governo, a chanceler Angela Merkel considerou que mais restrições são necessárias para mudar essa tendência terrível.

Na cidade alemã de Meissen, na Saxônia, uma das mais castigadas pela pandemia, Jörg Schaldach, diretor de um crematório, confessa seu estupor.

"As câmaras frias funerárias estão cheias. Estamos em estado de catástrofe", assegura, explicando que estão usando a sala de cerimônias e de recolhimento para guardar os caixões.

Variantes e colapso dos hospitais

Na França, as autoridades vão adiantar o início do toque de recolher nacional, a partir de sábado, que passará a ser das 20h para as 18h.

No Reino Unido, o país mais atingido pela pandemia na Europa, com mais de 86.000 mortes confirmadas por covid-19, as infecções bateram recordes desde a descoberta, em dezembro passado, de uma nova cepa na Inglaterra. Aparentemente, esta é muito mais contagiosa.

Mas ela não é a única variante do vírus em circulação. Outra mutação originada na Amazônia brasileira, e que já foi detectada no Japão, preocupa a comunidade internacional.

Na quinta-feira, o governo britânico proibiu chegadas de todos os países da América do Sul, além do Panamá e de Portugal, devido a esta nova cepa brasileira. Felipe Naveca, que estuda as mutações do vírus no Amazonas, explicou que a nova cepa, "mais contagiosa", seria responsável por grande parte dos casos registrados no estado, onde a situação sanitária é dramática.

Na quinta, as autoridades anunciaram um toque de recolher de dez dias na região em meio ao colapso de seu sistema de saúde. Imagens nas redes sociais mostram pessoas levando cilindros de oxigênio para os hospitais e pacientes reclamando da falta de assistência médica.

"Aqui não há leito vazio, não há oxigênio, nada, só resta a fé", disse à AFP Luiza Castro, moradora de Manaus, capital do Amazonas.

Em geral, todo Brasil, com mais de 207 mil mortes por Covid-19, número superado apenas pelos Estados Unidos, vive um agravamento da situação de saúde. A média nacional de óbitos é de 98,5 por 100 mil habitantes, índice que sobe para 159 no Rio de Janeiro, 146 em Brasília e 143 no Amazonas.

Semana difícil no México

Quarto país do mundo em número total de mortes por Covid-19, o México registrou sua semana mais letal devido à pandemia, com um total de 6.885 óbitos, conforme dados oficiais divulgados na quinta-feira. A pandemia já matou quase 138 mil pessoas e causou 1,5 milhão de infecções.

O sistema de saúde está sobrecarregado, principalmente na Cidade do México. Nesta capital de nove milhões de habitantes, 24.105 pessoas morreram até a quarta-feira.

A ocupação hospitalar na capital chega a 91%, segundo o Ministério da Saúde. O país já começou a vacinar a população e, de acordo com as autoridades, esse fato pode ter feito os mexicanos "esquecerem os perigos" e relaxarem.

A Argentina, por sua vez, superou as 45 mil mortes por Covid-19 na quinta-feira e já contabiliza mais de 1,7 milhão de infecções. Estes números obrigaram as autoridades a restabelecerem restrições à circulação.

No Peru, as infecções diárias triplicaram nas duas primeiras semanas de 2021, devido às festas de fim de ano, e também haverá novas restrições.

"Tudo pode acontecer"

Os especialistas ainda não sabem se as novas cepas britânica, sul-africana e amazônica, oficialmente detectadas em várias dezenas de países, reduzirão a eficácia das vacinas. Em princípio, acredita-se que não afetarão drasticamente a imunização. Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão reunidos em Genebra desde quinta-feira para analisar justamente essa questão.

Ontem, a instituição apontou que dez países utilizaram até agora 95% das vacinas aplicadas e destacou que é necessário que as nações "capazes de contribuir, dar e apoiar o acesso e a distribuição justos das vacinas o façam".

Nos Estados Unidos, um dos primeiros países do mundo a começar a vacinar, o presidente eleito Joe Biden divulgou na quinta-feira um novo pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão com o objetivo de tirar o país de sua pior crise desde os anos 1930.

E, do outro lado do mundo, no Japão, nesta sexta-feira, um ministro admitiu a possibilidade de que as Olimpíadas de Tóquio, já adiadas no ano passado por conta da pandemia, não sejam realizadas este ano.

"Tudo pode acontecer", disse Taro Kono, ministro da Reforma Administrativa e pessoa chave do governo, em um momento em que várias regiões do país se encontram em estado de emergência em função de surtos do vírus.


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