Ex-funcionário da Varig reúne objetos que contam trajetória da empresa

Ex-funcionário da Varig reúne objetos que contam trajetória da empresa

Mário de Albuquerque prepara livro sobre a histórica companhia aérea

Mauren Xavier

Ex-funcionário da Varig expõe objetos que contam trajetória da empresa

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Um espaço de poucos metros quadrados no pátio de uma residência localizada na zona Norte de Porto Alegre permite a seus visitantes uma viagem no tempo, onde pode-se ver a história da emblemática Varig. Recheado de itens da antiga empresa de aviação, o local reserva surpresas, que vão desde fotos históricas, documentos, os charmosos cardápios e brindes que eram entregues aos passageiros, até as poltronas restantes de uma das aeronaves. 

Além disso, os amantes da aviação não têm como ficar inertes ao momento em que a réplica grande de um Boeing 747-300 é revelada após a retirada de um tecido que a protege. Mesmo com o olhar mais atento, é fácil se perder diante de tantas referências àquela que foi a maior empresa da aviação do país e uma das responsáveis por tornar a capital gaúcha uma referência no setor brasileiro.

Esses itens integram o acervo pessoal reunido por Mário de Albuquerque, ao longo de quase quatro décadas de trabalho na Varig. “Fui separando e guardando essas recordações ao longo do tempo porque pensava que essa história não poderia terminar”, comenta ele, enquanto passa os dedos suavemente sobre dezenas de cartazes, pôsteres e folhetos colecionados. Algumas nem precisam de explicação para revelarem o seu valor histórico, como os registros fotográficos de uma visita do ex-presidente Getúlio Vargas ao então presidente da Varig, Ruben Martins Berta.



A riqueza do acervo é praticamente impossível de ser mensurada em valores, até porque muitos itens não existem mais, e em relevância histórica. Apesar de a empresa ter encerrado as suas atividades há mais de uma década, essa é uma prova de como a Varig ainda está presente na vida de milhares de pessoas, como ex-funcionários, clientes e apaixonados por aviação.

Pioneira em vários aspectos, a empresa foi a responsável por fazer a aviação nacional dar um salto, apesar disso, dificuldades e impasses, especialmente com o governo federal, foram minguando o seu potencial, até o encerramento total das atividades, em 2006. “Foi um crime político. O governo destruiu a Varig”, desabafa ele, citando a ação do governo de congelar o valor das tarifas e não conceder subsídios, como era feito em outros países até os dias atuais.

A boa notícia é que parte desse acervo único e de dezenas de histórias, muitas inéditas, estarão reunidas e disponíveis tanto para aqueles que viveram a época de glória, como os que conhecem apenas a sua marca. Escrito ao longo dos últimos 25 anos, com intervalos e interrupções, o livro “Berta - Os Anos dourados da Varig”, de Mário de Albuquerque, promete trazer indagações e respostas sobre como se deu essa trajetória, como revela o próprio autor.

Aos 82 anos, sendo destes 38 anos como funcionário, Albuquerque reuniu em mais de 400 páginas ocasiões únicas, curiosidades e fatos inéditos. “Muita gente escreveu sobre a Varig. Mas escreveram por ouvir falar dos outros. Eu vivi e, em alguns momentos, fui protagonista”, revela ele, que começou a trabalhar no setor de Controle de Serviços e de Manutenção (CSM), onde era feito o monitoramento do tráfego das aeronaves, como as que estavam em solo, as que voariam ou em manutenção, e depois passou para o setor de propaganda e imprensa, sendo criador do Museu da Varig e membro por 20 anos do Colégio Deliberante da Fundação Ruben Berta.

“Apesar da minha paixão por essa empresa, busquei deixar esse sentimento de lado, para contar essa história”, resume. Ao longo do período em que atuou na Varig, Albuquerque acompanhou de perto a atuação de todos os presidentes, começando por Otto Meyer (fundador) e Ruben Berta, passando por Harry Schuetz, Erik de Carvalho, Hélio Smidt e Rubel Thomas.

Porém, ainda será necessário esperar um pouco para acessar essas informações. O lançamento do livro está previsto para o dia 7 de maio de 2017. A data não poderia ser mais simbólica. É neste dia que a empresa completaria 90 anos se estivesse em operação.

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