Ex-vocalista diz que Gurizada Fandangueira já tinha usado pirotecnia na Kiss antes do incêndio

Ex-vocalista diz que Gurizada Fandangueira já tinha usado pirotecnia na Kiss antes do incêndio

Segundo Marcelo de Jesus dos Santos, a banda era conhecida por usar os materiais nos shows 

Lou Cardoso

Marcelo foi o último réu a depor no plenário

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O ex-vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, disse na tarde desta quinta-feira, no nono dia de julgamento do Caso Kiss, que era do conhecimento geral da comunidade de Santa Maria que o grupo fazia show com artefatos pirotécnicos. Segundo ele, a Gurizada Fandangueira já havia feito uso de pirotecnia em uma outra ocasião na Boate Kiss. "Todas as vezes que tocamos na Kiss, usamos pirotecncia", afirmou. "Acredito que em algumas das vezes, Elissandro teria conhecimento".

"Tocamos duas vezes na Kiss após a reforma, antes da tragédia", afirmou Santos, que garantiu não ter percebido o revestimento de espuma no teto e ninguém teria lhe dito que havia o material no teto. Na noite da tragédia, Marcelo recordou que depois de fazer a coreografia com o artefato pirotécnico, acionado por Luciano, largou o objeto e na sequência, alguém lhe avisou que havia fogo no lugar. 

Ele ainda relatou que alguém havia lhe alcançado o extintor, mas que não funcionou na hora que tentou usar. "Eu olhei para trás e não achei nada que pudesse pegar para combater o fogo. Não me deram essa chance de combater o fogo. Eu fiquei embaixo dele e não podia fazer nada vendo o desespero das pessoas, correndo, querendo sair e eu não podia ajudar", disse. 

Após a tragédia, Marcelo disse que passou por necessidades porque não conseguia mais emprego por ficar "conhecido por ser o vocalista da Gurizada Fandangueira e o caso da Kiss''. Quando conseguiu um trabalho em obras, por causa de um conhecido, ele disse que se escondia quando se sentia mal, devido às sequelas do incêndio, como tosse e falta de ar por medo de perder o emprego. "Eu sabia que tinha que consultar, mas não ia, porque todo mundo dizia 'aquele é o Marcelo da Kiss'. Eu trabalhava e escondia quando tinha falta de ar para ninguém me ver daquele jeito", disse.

O depoimento de Marcelo encerrou após uma hora. Ele apenas respondeu as perguntas feitas pelo juiz Orlando Faccini Neto e de seus representantes jurídicos. 

Marcelo foi o último réu a depor no plenário. Hoje foram escutados o ex-produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha e Mauro Hoffmann, que trabalhava como sócio da Boate Kiss. 

Luciano disse que os clientes da boate nos momentos iniciais do incêndio correram até a porta do estabelecimento e pediram para que a porta da casa fosse aberta, mas não tiveram resposta. "Eu passei na frente do espelho d´água. Eu vi que as pessoas diziam: 'tá pegando fogo, abre a porta, abre a porta'. E não abriu a porta", afirmou.

Já Mauro, em suas considerações, alegou não ter sido informado da colocação de espumas para tentar solucionar o problema de acústica da boate. De acordo com o réu, o seu papel como sócio na Kiss era mais de investidor, não participando diretamente nas questões administrativas da casa.


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