Exploradores procuram tesouros perdidos nas águas gaúchas

Exploradores procuram tesouros perdidos nas águas gaúchas

Um dos caçadores relata que quatro anos de buscas renderam R$ 30 mil

André Malinoski

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“Somos os garimpeiros das praias.” A frase do vigilante Adriano Alves, de 51 anos, define com precisão um hobby um tanto exótico e ainda despercebido para muitos frequentadores dos balneários, lagos, rios e praias gaúchas – a caça por tesouros. Com um detector de metais à prova d’água, esses caçadores de riquezas encontraram um passatempo divertido e, dependendo da sorte, um bocado rentoso.

“Consegui em quatro anos de procura cerca de R$ 30 mil”, revela Adriano, após voltar de uma expedição nas águas tranquilas do Lami, na Zona Sul de Porto Alegre. Na orla da praia, ao lado de outros amigos atrás de peças de ouro e prata, o explorador de metais preciosos explica o funcionamento do equipamento. “Tem um identificador que mostra quando algo de metal está enterrado na areia, geralmente a 20 ou 30 centímetros abaixo do solo. Assim que o aparelho detecta um objeto, eu cavo até encontrá-lo”, conta.

A ação dos exploradores na parte mais rasa das águas lembra uma pessoa passando uma enceradeira no piso, ora alternando movimentos circulares, ora realizando apenas o vaivém. O detector de metais utilizado pelo vigilante se chama Equinox 800 e custa, em média, R$ 5,3 mil. Mas é possível encontrar o mesmo modelo e outros semelhantes com valores variados na internet. Além de o identificador exibir informações de quando algo é encontrado também há um fone de ouvido bluetooth que pode ser usado para receber dados em áudio. “Posso fazer garimpo de ouro em cachoeiras e nas matas. Faço também em fazendas antigas”, compartilha o entusiasta.

A aposentada Fátima Bertotti, 59, também procurava por preciosidades nas águas do Lami. “Encontrei vídeos no YouTube sobre isso e entramos em contato com um casal de Nova Tramandaí que vendia o equipamento. Compramos, mas não podia molhar. Depois adquirimos um à prova d’água e resolvemos brincar”, relata ela, que estava vestindo roupa térmica para não sentir frio enquanto buscava objetos valiosos.

As coisas mais comuns de serem encontradas são alianças de ouro, anéis de prata, correntes, moedas e brincos. Também é comum o aparelho, que funciona com bateria, detectar chumbadas usadas por pescadores perdidas nas águas. O equipamento dela era similar ao do amigo vigilante. Moradora de Viamão, Fátima disse que os locais de busca não se limitam ao Lami, onde os porto-alegrenses e moradores da Região Metropolitana costumam buscar alívio do calor nos dias mais quentes do verão. “Procuramos ouro nas praias de Arambaré e do Laranjal, entre outros lugares”, diz.

O marido de Fátima, o autônomo Marco Aurélio Lopes, 54, recorda que certa vez encontrou objetos mais valiosos. “Aqui no Lami já achei até moedas antigas de 2 mil réis enterradas.” Questionado sobre a peça mais curiosa já encontrada durante suas expedições, o autônomo se diverte: “Encontrei em uma lagoa de Águas Claras uma ponte de metal com quatro dentes”.

No último Dia de Finados, conforme lembra, a sorte sorriu para ele. Na ocasião, encontrou três alianças de ouro nas águas do Lami. O casal junta o que encontra e revende para compradores de ouro e prata. “Graças a isso já compramos um pequeno trailer usado que nos leva para novos lugares onde podemos explorar”, orgulha-se. A prática conhecida por “detectorismo” possui diversos adeptos no Rio Grande do Sul. Ser um explorador de tesouros perdidos pode garantir, além de uma renda extra, inusitadas descobertas e boas risadas.


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