Fósseis encontrados em Agudo podem ser nova espécie de dinossauro

Fósseis encontrados em Agudo podem ser nova espécie de dinossauro

Material encontrado em fazenda apresenta nível de preservação inédito no Rio Grande do Sul

Renato Oliveira/Correio do Povo

Fósseis encontrados em Agudo podem ser nova espécie de dinossauro

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Uma equipe do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) informou, nesta quarta-feira, ter identificado um conjunto de fósseis do Período Triássico (cerca de 225 milhões de anos de idade) que podem pertencer a uma nova espécie de dinossauro, em localidade do município de Agudo, no Rio Grande do Sul. A instituição foi contatada pelo agricultor Dilo Wachholz (dono da propriedade onde os fósseis foram localizados) e o pedreiro Olimpio Neu. Eles desconfiaram de que alguns materiais estranhos inclusos nas rochas da propriedade poderiam se tratar de fósseis.

Ao chegar no local a equipe se surpreendeu com a preservação dos vestígios nas rochas, com dinossauros em excelente estado. Liderados pelo professor Sérgio Dias da Silva, estudantes de graduação e mestrado estão preparando a retirada do bloco de rocha que contém os fósseis. Tal bloco pode pesar mais de duas toneladas, o que é um recorde em termos de achados de fósseis no sul do Brasil. Os fósseis foram encontrados no último dia 12.

Dias da Silva explica que os fósseis são de pelo menos três dinossauros primitivos sauropodomorfos, que se alimentavam de plantas. Quando adultos, atingiam um tamanho próximo ao de avestruzes adultos. Esses animais deram origem aos grandes dinossauros saurópodes que em época posterior (Período Jurássico) chegaram a pesar 12 toneladas e medir 30 metros de comprimento. Um dos fósseis está com praticamente todos os seus ossos articulados, o que é muito difícil de acontecer em descobertas desse tipo, segundo o professor. Ele relatou que nenhuma das cerca de 25 espécies validadas de dinossauros brasileiros está tão completa.

A retirada será feita com o apoio de um caminhão equipado com muque cedido pela prefeitura municipal de Agudo. O planejamento é de que os fósseis sejam retirados do afloramento até a próxima sexta-feira. O contêiner será levado para o Campus São Gabriel da Unipampa, onde os fósseis serão estudados nos próximos anos.

Ainda não é possível saber com certeza se os fósseis indicam uma espécie inédita de dinossauros, mas exames iniciais sugerem que essa é uma possibilidade concreta. A equipe de pesquisa inclui alunos de graduação dos cursos de Ciências Biológicas e de Gestão Ambiental e de pós-graduação em nível de mestrado. De acordo com Dias da Silva, eles terão bastante trabalho pela frente. O professor explica que mais detalhes dos fósseis só poderão ser analisados depois da preparação do material, ou seja, da retirada da camada de rocha que recobre cada fóssil, que será feita no Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, em um processo que pode levar até dois anos.

Depois de pronto o material, a fase de estudos propriamente dita pode durar mais alguns anos – a estimativa total de trabalho com o material é de cinco a sete anos. Pelo ineditismo, a expectativa é de que o material forneça dados suficientes para diversas pesquisas de graduação e pós-graduação, incluindo doutorado, e publicações em revistas científicas de reconhecimento na área da Paleontologia. Após a fase de estudos, os fósseis já tem destino certo:o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica na Quarta Colônia (CAPPA). A UNIPAMPA vai ficar com réplicas em resina para estudos posteriores.


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