Faculdade de medicina da Ufrgs critica distribuição de "Kit Covid" em Porto Alegre

Faculdade de medicina da Ufrgs critica distribuição de "Kit Covid" em Porto Alegre

Em nota, Conselho afirma que decisão abre precedente para uma ruptura no uso da ciência para as decisões de enfrentamento ao coronavírus

Vítor Figueiró

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A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Famed/Ufrgs) criticou o relaxamento das medidas de distanciamento contra à Covid-19 em Porto Alegre e a promoção do chamado “kit Covid” como tratamento precoce para a doença. Em nota, a Famed vê as ações como erros na condução das políticas de saúde pública e um precedente para uma ruptura no uso da ciência como norte para as decisões. Na última quinta-feira, a Capital decidiu oferecer hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, que não tem eficácia comprovada contra o coronavírus. 

"Tais medidas, além de ampliarem os gastos dos recursos financeiros públicos de maneira indevida, ameaçam diretamente a saúde dos nossos concidadãos e fragilizarão ainda mais a qualidade da assistência prestada pelos profissionais de saúde, ampliando a tensão na linha de frente", diz trecho da nota. 

O comunicado salienta que não existem comprovações científicas para justificar a utilização dos remédios e as decisões não seguem orientações técnicas: "O National Institute of Health, dos Estados Unidos, National Institute of Health and Care Excellence do Reino Unido não preconizam o uso dessas estratégias e medicamentos para tais fins", aponta. "A Sociedade Brasileira de Infectologia também se manifestam contrárias a isto." 

Por fim, a Famed pede a revogação imediata das medidas adotadas pelo novo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo. Desde que assumiu, o Executivo, além de orientar o uso do Kit Covid, também publicou dois decretos que ampliaram as flexibilizações na cidade, prometendo foco no combate às aglomerações.

Por meio de nota, a SMS limitou-se a informar que os medicamentos estarão disponíveis nas farmácias distritais e nas unidades de saúde. “Tais medicamentos, quando indicados para a Covid-19, serão dispensados à população mediante a apresentação de receita médica válida e assinatura de Termo de Ciência, Consentimento e Orientação Farmacêutica de Hidroxicloroquina, Cloroquina, Azitromicina e/ou Ivermectina para Covid-19”, diz o comunicado, que destaca ainda que os remédios não serão comprados e sim enviados pelo Ministério da Saúde.

Responsável pela medidas de enfrentamento, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento da Covid-19 (Secovid) também se manifestou por meio de uma nota. A pasta defendeu que todas as decisões são discutidas com diversos setores da sociedade, com representantes de sindicatos médicos, hospitais, dos setores econômicos, de entidades governamentais e das universidades. Segundo o comuninacado, "a Ufrgs também foi convidada sem, contudo, ter apresentado nas reuniões qualquer objeção às medidas adotadas até o momento".

A Secovid também ressaltou que aumento a fiscalização para que as determinações fossem cumpridas, e que, em caso de agravamento da situação epidemiológica, novas normas serão editadas pela prefeitura.


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