Família, amigos e ex-colegas se despedem de Milton Ferretti Jung

Família, amigos e ex-colegas se despedem de Milton Ferretti Jung

Radialista e locutor, que trabalhou 56 anos na Rádio Guaíba, morreu no último domingo em Porto Alegre

Cláudio Isaías

Milton Feretti Jung foi velado com uma bandeira do Grêmio, seu clube do coração

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O radialista e locutor Milton Ferretti Jung, 83 anos, uma das mais marcantes vozes do rádio brasileiro, foi cremado nesta segunda-feira no Crematório Metropolitano São José, em Porto Alegre. A cerimônia reuniu familiares, amigos e ex-colegas que se despediram do homem chamado de "A Voz do Rádio". Jung, que apresentava o Correspondente Renner, trabalhou 56 anos na Rádio Guaíba.

Na sala do crematório, dezenas de pessoas se reuniram em torno do caixão - coberto com a bandeira do Grêmio e lembraram as histórias da convivência com o profissional. A esposa Maria Helena, os filhos Milton Júnior, Christian e Jaqueline, e os quatro netos receberam o carinho das pessoas que sempre admiraram a trajetória profissional e pessoal do locutor.

Christian lembrou que o pai serviu de inspiração na profissão. “Todo mundo conhece o trabalho dele. Sempre foi exemplo de caráter e retidão, por tudo que a gente escutou e por tudo o que a gente viu dele, uma coisa única, uma característica particular. Quando escutam outros exemplos de locutores, a gente se espelha e vê que ele era excelente no que fazia. Fica essa herança da voz que a gente tem, uma vez que eu trabalho com locução e o Milton (irmão) também”, afirmou.

• Trajetória de Milton Ferretti Jung é lembrada por profissionais e amigos

Milton Júnior recordou as lições deixadas pelo pai, o qual considerava um mestre que ensinou gerações. “Estamos ouvindo das pessoas, as palavras, as histórias que são contadas, que só nos deixam felizes, porque deixam claro a dimensão que ele sempre teve, que a gente já reconhecia, e muita gente reconheceu isso em vida, o que também é bonito”, observou.

Ele reforçou que o pai sempre foi um “operário” da notícia. “Ele era um operário na narração esportiva no sentido de saber que tinha que melhorar, se aprofundar, que tinha que ser mais preciso e tinha que lutar por essa precisão. Isso são coisas que ele deixa para todos nós”, completa.

O radialista da CBN disse que o que fica para a família são as histórias, as memórias e as experiências vividas pelas pessoas ao lado do seu pai. "Muita gente lembrou o quanto ele foi importante para as suas carreiras e para as suas vidas. Isto para nós é marcante, porque o que vai torná-lo imortal é essa história contada pelas pessoas. Eu gostaria muito que continuassem contando a história dele, porque é isso que vai mantê-lo sempre ao nosso lado e de quem o admira, como é o caso dos ouvintes e dos colegas de trabalho", acrescentou.

O senador Lasier Martins (Podemos) afirmou que Milton Jung foi um dos mais competentes homens de rádio que ele conviveu. "O Milton era um grande narrador de futebol, um excelente locutor de notícias e, na minha opinião, o ponto alto dele era a qualidade do seu texto. Ele tinha um texto muito elegante, bonito e que empolgava", recordou. O senador afirmou que Milton Ferretti Jung é autor do texto "O Despertar do Gigante", sobre a inauguração do estádio Beira-Rio, em 4 de abril de 1969, narrada pelo radialista Pedro Carneiro Pereira.

A cerimônia de despedida contou com as presenças dos jornalistas Lauro Quadros, João Carlos Belmonte, Joabel Perreira, Luiz Artur Ferraretto, Roberto Villar, Jurandir Soares, Rogério Mendelsky, Nando Gross, José Aldo Pinheiro, Ribeiro Neto, Rogério Amaral, o vereador Cassiá Carpes, e o ex-árbitro de futebol Renato Marsiglia.

Casada com Jung desde 1981, Maria Helena recordou que o marido gostava de viajar a Tramandaí e à Argentina. No litoral gaúcho, as lembranças são da caipirinha na varanda de casa olhando o movimento à beira-mar. “A gente ia ao mar e ele não deixava eu ir ao fundo, pedia sempre para eu ficar na beirinha”, ressalta.

No país vizinho, gostava de comprar roupa e tomar um vinho. Maria Helena lembra que futebol, tênis e automobilismo eram os programas prediletos do marido, além de filmes de ação e terror. Na música, gostava de Johnny Cash. “Foi um tempo bonito. Muito importante para o casal é o companheirismo, não é ser casado. O que fica mesmo é o companheirismo, lembrar aquela pessoa como alguém que fazia as coisas que tu fazia e ela fazia contigo o que tu gostava”, afirmou.


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