Familiares das vítimas da Kiss deixam plenário em protesto ao depoimento de Cezar Schirmer

Familiares das vítimas da Kiss deixam plenário em protesto ao depoimento de Cezar Schirmer

Ex-prefeito de Santa Maria disse que a prefeitura não tinha nenhuma responsabilidade

Correio do Povo

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Com informações dos repórteres André Malinoski e Aristóteles Junior

Em protesto ao depoimento do ex-prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia da Boate Kiss deixaram o plenário do júri do Foro Central, de Porto Alegre, nesta quarta. Schirmer é o primeiro depoente desta quarta-feira, data que marca o oitavo dia do julgamento. Após a manifestação, a sessão foi interrompida por alguns minutos. 

Em seu depoimento, o ex-chefe do Executivo se limitou a dizer que "houve um incêndio e a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade sobre esse assunto”. A avaliação dos familiares é de que a testemunha está aproveitando para se promover politicamente com o júri. 

A oitiva de Schirmer era uma das mais aguardadas no julgamento. O ex-prefeito disse que ficou sabendo do incêndio por volta das 3h45min ou 4h da manhã daquele dia. Ele estava em casa dormindo com a esposa. “Quando eu cheguei lá havia muita tristeza”, disse.

O depoente afirmou que a gestão municipal de Santa Maria não fez nada para contribuir com o incêndio na Boate Kiss. Por várias vezes, Schirmer criticou o andamento do inquérito contra ele após a tragédia. “Desde o começo eu ouço insinuações de que deveria estar aqui, não como testemunha, mas como réu. Não fiz nada!”, exclamou. 

À época dos fatos, a investigação concluiu que o ex-prefeito estava entre os 28 responsáveis pelo incêndio que matou 242 pessoas na casa noturna. O inquérito contra o ex-prefeito foi arquivado pelo Ministério Público em 2016. No entanto, Schirmer continuou a fazer críticas sobre o processo, que definiu de "aberração jurídica", afirmando que “era notável é notória a má vontade da polícia”. 

Em outro momento, Schirmer disse que nunca quis dar entrevistas sobre a tragédia. "Imaginem: a cidade em uma tragédia como aquela e o prefeito começar a debater com policiais, bombeiros, promotores, jornalistas…” explicou, afirmando estar feliz por, hoje, “falar livremente” sobre o caso. 

Após o intervalo determinado pelo juiz, na frente do Foro Central de Porto Alegre também houve protesto por parte dos familiares. Os parentes carregavam nas mãos quadros com imagens de dentro da Kiss e mensagens especiais àqueles que perderam a vida na boate.


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