Faturamento em clínicas e hospitais cai, em média, 50% em Porto Alegre

Faturamento em clínicas e hospitais cai, em média, 50% em Porto Alegre

Instituições também recorrem a redução de jornada de trabalho e salário para evitar demissões

Jessica Hubler

Redução ocorre por conta da pandemia de coronavírus

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Entre os efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus está a crise econômica. As dificuldades, que afetam os mais variados segmentos, também chegaram aos hospitais e às clínicas de Porto Alegre. De acordo com o diretor-executivo do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), Tibiriçá Rodrigues, até este momento, as instituições de saúde estão utilizando alternativas autorizadas pelo governo federal para evitar demissões dos profissionais, como redução de jornada de trabalho e de salário, suspensão de contratos ou antecipação de férias. 

“As instituições estão tentando usar as ferramentas disponíveis justamente para, por enquanto, não entrar nas demissões”, destacou, reforçando que estas foram as maneiras encontradas pelas instituições para tentar contornar a crise. Assim como as demais empresas estão em crise, afirmou Rodrigues, os hospitais também estão enfrentando uma crise “que há muitos anos não se via na saúde”. “Nunca foi uma área de ter desemprego, agora as coisas estão muito diferentes. É um setor que vai ser totalmente afetado, tanto quanto os outros segmentos”, comentou.

Conforme Rodrigues, ocorreram apenas demissões pontuais, em algumas instituições, mas somente nas áreas de apoio, que envolvem profissionais de vigilância, portaria ou manutenção, por exemplo, e não na área assistencial, onde estão incluídos médicos, técnicos, enfermeiros e outros profissionais de suporte. “Os profissionais da área da saúde em si ainda não foram tão afetados, não houve um número expressivo de demissões, mas pode acontecer, tudo é possível, assim como pode não acontecer também”, explicou. Tudo depende, segundo Rodrigues, da economia. “Não sabemos como vai ser a vida de todo mundo no mês que vem”, disse.

Uma coisa é certa, de acordo com Rodrigues: tudo vai depender das taxas de ocupação. “Se a ocupação cair, as instituições vão fazer o que? A retomada vai ser muito lenta”, reiterou. Os problemas financeiros assolam hospitais e clínicas em geral. “Todos estão com as finanças preocupantes. Hoje a ocupação dos hospitais está em torno de, no máximo, 50% e o faturamento, consequentemente, também está caindo pela metade. Com a proibição das cirurgias eletivas, não tem como, isso afeta todo mundo”, enfatizou. A tendência, segundo Rodrigues, é que se as cirurgias eletivas não voltarem a ser realizadas, “os hospitais vão ter que fazer outras coisas, aí entram também as demissões, em uma crise dessas não tem como manter uma instituição hospitalar aberta 24h sem ter quem pague a conta, é um problema bem sério”.


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