Ferrovias gaúchas são as mais rápidas do País

Ferrovias gaúchas são as mais rápidas do País

Apenas 8,8% do transporte de carga é feito por trens no RS

Karina Reif

Apenas 8,8% do transporte de carga é feito por trens no RS

publicidade

Considerada um dos gargalos no deslocamento de carga pelo meio ferroviário, a velocidade comercial nos trilhos foi analisada, entre outros itens, em 13 corredores pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). No levantamento, o corredor de Rio Grande, que vai até Cruz Alta, apresentou a maior velocidade média entre as ligações avaliadas no país. O trecho de Rio Grande a Cacequi é o mais rápido do corredor, com 28 quilômetros por hora. Já no intervalo de Cacequi a Santa Maria, chega a 20 quilômetros por hora e, de Santa Maria a Cruz Alta, também a 20 quilômetros por hora.

Conforme a CNT, a velocidade das composições diminui até oito vezes em travessia de áreas urbanas, passando de 40 quilômetros por hora para 5 quilômetros por hora em algumas áreas. Isso causa prejuízos, gerando aumento do consumo de combustível e perda de eficiência e produtividade. Os conflitos urbanos representam graves entraves para o setor, apontou a pesquisa. Há pelo menos 355 aglomerações às margens das ferrovias, que surgiram na implantação e na gestão da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Também foram identificadas 279 passagens em nível críticas, de um total de 3.375. Os cruzamentos de ferrovias com rodovias, em um mesmo plano representam risco à segurança.

Embora haja esse problema, o transporte ferroviário no Brasil teve um aumento significativo desde 1996, quando começaram as concessões. A produção, que é razão entre toneladas transportadas por quilômetro, aumentou 28,9%, entre 2006 e 2014. Contudo, a eficiência poderia ter crescido mais, caso houvesse aumento de investimento na infraestrutura, por exemplo. O setor público reverteu, entre 2006 e 2014, R$ 12,93 bilhões para a expansão da malha e a solução de entraves. Nesse mesmo período, o investimento do setor privado nas ferrovias foi quase o triplo, R$ 33,51 bilhões – em infraestrutura, material rodante, sinalização telecomunicações, oficinas, capacitação, entre outros. Desde o início das concessões até 2014, as empresas pagaram cerca de R$ 8 bilhões pelas outorgas e arrendamentos.

A malha ferroviária do Rio Grande do Sul tem 3.259 quilômetros de linhas e ramais e é utilizada somente para o transporte de cargas. Conforme o secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, cerca de 1,2 mil quilômetros estão desativados. Ele ressalta que o governo do Estado está empenhado em redistribuir melhor a participação dos modais disponíveis.

3.259 km de ferrovias

O meio rodoviário é responsável pela grande maioria do transporte de cargas. O Estudo de Desenvolvimento Regional e Logística de Transportes no RS Rumos 2015 indicou que as rodovias eram responsáveis, em 2000, por 85,3% do total transportado, quantidade superior a brasileira que chegava a 68,6%. Conforme o documento, o transporte ferroviário gaúcho correspondia a 8,8% naquele ano. Já o hidroviário a 3,7% e o dutoviário 2,2%. No país, a fatia das ferrovias era de 23,7%.

“Embora não seja responsabilidade do governo estadual, já que as concessões são federais, o Rio Grande do Sul está como protagonista do processo com a nova concessionária que vai suceder a América Latina Logística (ALL)”. Ele informou que já há um processo de transição para a empresa Rumo ALL, que demonstrou interesse em fortalecer as ferrovias existentes. A concessionária tem contrato até 2027 e é atualmente responsável pela operação da malha ferroviária das regiões Sul e Sudeste.

“A concessão da ALL foi mal feita, pois eles diminuíram as ferrovias. Regiões ficaram excluídas”, declara. A intenção é ativar as conexões e melhorar a interligação entre rodovias, ferrovias e hidrovias, além de incentivar o transporte aéreo.

Ligação Norte-Sul sai do papel

A Ferrovia Norte-Sul, prevista para cortar o país, deve incentivar o modal no Estado. Os setores produtivo e político defendem que o trecho no Sul comece a ser construído pelo Porto de Rio Grande. O ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, veio ao Rio Grande do Sul em 2015 para apresentar o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental. Apesar de não haver prazo de início e conclusão, ele assegurou que o trecho que passa pelo território gaúcho está garantido. O orçamento estimado entre Chapecó (SC) e Rio Grande, de 833 quilômetros, é de R$ 8,7 bilhões.

O traçado desse trecho deve atingir 30 municípios e foi definido com base nos polos de carga, geografia, meio ambiente e especificidades sociais. Porém, é possível que o caminho seja alterado no projeto. O estudo elaborado pela Valec Engenharia indicou como referência a passagem da ferrovia por 82 municípios em quatro estados (SP, PR, SC e RS). A extensão do trecho Sul é de 1.731 quilômetros.

Transporte limpo

Uma das principais diretrizes do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) é incentivar o uso de transporte de maior eficiência energética e menor emissão de gases poluentes. Conforme o Ministério dos Transportes, isso vem sendo feito através da retomada de projetos ferroviários e da promoção do transporte aquaviário (cabotagem e navegação interior), incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), no Plano de Investimentos em Logística e no Plano Hidroviário Estratégico.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895