Governo manda cervejaria investigada recolher toda produção desde outubro

Governo manda cervejaria investigada recolher toda produção desde outubro

Um homem morreu e há 16 pessoas intoxicadas pela substância dietilenoglicol, detectada pela Polícia Civil em três lotes da bebida

AE

Cervejaria deverá ter lotes recolhidos

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O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou ontem o recolhimento e a suspensão da venda de todos os produtos da cervejaria mineira Backer fabricados desde outubro. Um homem morreu e há 16 pessoas intoxicadas pela substância dietilenoglicol, detectada pela Polícia Civil em três lotes da bebida e em um equipamento na produção. A suspeita é que a ingestão de cerveja da Backer tenha provocado essas intoxicações.

A venda de produtos da Backer, interditada pelo ministério na sexta-feira, está proibida até que seja descartada a possibilidade de contaminação.

Segundo a pasta, não há confirmação da presença de substância tóxica em outras marcas - o dietilenoglicol foi achado na cerveja Belorizontina. A empresa produz 21 rótulos. "Caso existam resultados positivos, novas medidas serão adotadas." A cervejaria deve fazer recall de cervejas e chopes de todas as marcas produzidas desde outubro. A empresa disse que vai recorrer da decisão e também que já contratou perícia independente.

O dietilenoglicol e o monoetilenoglicol foram encontrados em um chiller da Backer. O chiller é uma serpentina que circula o tanque em que a cerveja é armazenada. "Tanto o dietilenoglicol como o monoetilenoglicol podem provocar a doença", disse o chefe da Superintendência da Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil de Minas, Thales Bittencourt. As investigações encontraram na fábrica notas fiscais de compra e um galão do monoetilenoglicol.

Segundo informou a polícia ontem, aumentou de dois para três o número de lotes da Belorizontina com dietilenoglicol. Os lotes têm 33 mil garrafas cada. O novo lote com a substância tem pelo menos parte das garrafas comercializadas no Espírito Santo, com o rótulo de Capixaba, segundo o delegado responsável pelas investigações, Flávio Grossi. Não há registro de vítimas no Estado vizinho.

Segundo a Secretaria de Saúde de Minas, foram notificados 17 casos de intoxicação pelo dietilenoglicol - uma mulher e 16 homens. Até agora, houve a confirmação da substância tóxica no organismo de quatro pessoas que consumiram a bebida e passaram mal - um deles morreu em Juiz de Fora (MG) na semana passada.

Os 13 casos ainda não confirmados seguem sob investigação, por "apresentarem sinais e sintomas com relato de exposição". A maioria dos pacientes teria ingerido a bebida em Belo Horizonte, durante as festas de fim de ano.

O dietilenoglicol provoca, inicialmente, dores abdominais e pode causar alterações neurológicas e insuficiência renal (mais informações nesta página). Segundo Bittencourt, a quantidade da substância capaz de fazer mal ou matar um indivíduo de 70 quilos pode variar de um a 12 gramas.

A Polícia Civil informou que a "janela de contaminação" dos lotes está entre a segunda quinzena de novembro e primeira quinzena de dezembro do ano passado. A maioria das vítimas é do bairro Buritis, na região oeste de Belo Horizonte, mas o produto também foi adquirido, segundo a polícia, em outros três bairros da cidade e em Nova Lima, na região metropolitana.


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