Homem é resgatado em condição análoga a trabalho escravo no RS

Homem é resgatado em condição análoga a trabalho escravo no RS

Ocorrência se deu em uma lavoura de fumo em Venâncio Aires na semana passada

Mauren Xavier

Homem residia em uma peça dentro de um galpão de secagem de fumo

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Um homem de 61 anos foi resgatado em uma lavoura de fumo, na cidade de Venâncio Aires, em situação análoga a trabalho escravo, por auditores fiscais do trabalho, do Ministério da Economia. As equipes chegaram a ele após uma denúncia anônima feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele estava no local há cerca de uma década e não tinha as condições mínimas, como estrutura sanitária e água potável. O resgate ocorreu na quinta-feira da semana passada. 

Segundo a procuradora Thais Bruch, a inspeção foi feita por dois aditores fiscais, que se deslocaram até a propriedade e identificaram a vítima. O homem vivia numa peça junto ao galpão de secagem de fumo. A peça tinha chão batido. "A informação que temos é que ele estaria nesse local há uma década", detalhou. Sem água, ele precisava buscar em outras propriedades fora. A equipe também o encontrou desnutrido. Pelas informações apuradas, cabia ao proprietário da lavoura fornecer alimentos, o que ocorria de maneira precária. Além disso, o mesmo entregava bebidas alcoólicas a ele. 

Além das condições em que era mantido, está em investigação outra situação. Teria sido contraído um empréstimo no nome do homem. Sem família, ele alegou não ter para onde ir. Retirado do local, com o apoio do Ministério Público Estadual, o homem foi levado para uma clínica de idosos em Cruzeiro do Sul. 

O proprietário da fazenda terá uma audiência no MPT de Santa Cruz do Sul na próxima semana sobre o caso. Na abordagem, ele alegou que o homem estaria naquela situação porque queria, comentou a auditora fiscal do trabalho Lucilene Pacini, que junto com o colega Rafael de Andrade Vieira, fez a abordagem. "Infelizmente é uma situação ainda comum. Diferente da restrição de liberdade, o trabalho escravo ocorre de uma forma mais moderna, contra a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa", avaliou a procuradora. 


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