Homicídio intencional é 2,7 vezes maior entre pretos e pardos do que brancos, aponta IBGE

Homicídio intencional é 2,7 vezes maior entre pretos e pardos do que brancos, aponta IBGE

Maioria das vítimas, no período de 2012 a 2017, foram jovens negros e homens

Brenda Fernández

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Os negros e pardos são a maioria da população brasileira e também o maior grupo com chance de ser vítima de um homicídio intencional no país. De acordo com o relatório "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil", elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgado nesta quarta-feira, uma pessoa preta ou parda tinha 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homícidio intencional do que uma pessoa branca. Os dados compreendem o período de 2012 a 2017. 

A série histórica aponta que enquanto os índices relacionados à população negra e parda cresceram consideravelmente – principalmente entre 2015 a 2017 –, a taxa manteve-se estável em relação a população branca. Nos últimos dois anos analisados pelo IBGE, a taxa de homicídios intencionais para os não-brancos passou de 37,2 para 43,3 homicídios por 100 mil habitantes desse grupo populacional – o que representa cerca de 255 mil mortes registradas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em seis anos. 

As vítimas de homicídios não são em sua maioria só pretas e pardas, como também são jovens de 15 a 29 anos de idades, conforme o relatório. A incidência do homícidio intencional no Brasil é de 69,9 casos a cada 100 mil jovens em 2017. Quanto à população jovem não-branca a taxa alcançou 98,5 em 2017, contra 34,0 entre os jovens brancos. Ao considerar os jovens pretos e pardos do sexo masculino, o índice chega a 185,0 no mesmo ano.

O relatório ainda chama atenção para as consequências das taxas para além do sofrimento físico e psicológico. Segundo a análise, os impactos sociais e econômicos afetam diretamente a população negra e parda, uma vez que "resulta na falta de confianças das instituições, requer a administração de um extenso sistema de justiça criminal, amplia os gastos com saúde e implica na perda da produtividade econômica."

Violência assistida

O estudo "Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil" mostra ainda que a violência letal na adolescência gera impactos graves de longo prazo como, por exemplo, depressão, vícios de substâncias químicas, suicídio e problemas com aprendizagem.

Entre estudantes do ensino básico de uma mesma escola (pública ou privada), os escolares pretos e pardos vivenciavam mais experiências violentas do que os brancos. Os dados mais recentes compreendem o ano de 2015 e foram apresenados pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE. Quando perguntados se haviam estado envolvidos em briga na qual alguma pessoa usou arma de fogo nos 30 dias anteriores à pesquisa, a resposta afirmativa entre brancos foi de 4,9% e de 6,2% entre não-brancos. 

O cenário de violência tem afetado diretamente os rendimentos escolares e o acesso à escola. O mesmo estudo mostrou que no grupo de escolares que não frequenta a instituição de ensino por falta de segurança no trajeto casa-escola, os negros e pardos apresentaram 1,4% de incidência a mais do que os brancos.


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