Horas de espera, dores e tosses marcam filas de postos de saúde de Porto Alegre

Horas de espera, dores e tosses marcam filas de postos de saúde de Porto Alegre

Pacientes reclamava de sequer conseguir fazer testes para a Covid-19 após longa espera

Christian Bueller

No Posto de Saúde Bom Jesus foi registrada superlotação de 200% nesta segunda-feira

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Calor de mais de 30°C, horas de espera por atendimento, falta de profissionais e formação de filas que geravam aglomeração. Tudo isso ocorreu em alguns postos de saúde de Porto Alegre nesta segunda-feira. Em meio à nova alta de casos e internações em UTIs por conta da Covid-19 no Rio Grande Sul e o risco altíssimo de contaminação evidenciado pela presença da bandeira preta em 11 regiões do Estado, a situação em unidades de Pronto Atendimento da Capital chamava a atenção desde o início da manhã.

No posto de Saúde do bairro Bom Jesus, na zona Norte de Porto Alegre, a espera superou quatro horas por senha para fazer o exame de Covid-19. Outras, nem isso conseguiram: “Cheguei 8h30min e agora, por volta das 10h, não tem mais ficha. Ligamos um dia antes para saber se funcionaria normalmente, mas pelo visto, não”, disse a auxiliar de serviços gerais Marta Soares, de 52 anos.

Outra paciente que também aguardava ser atendida por suspeita de Covid-19 não conseguiu nem tomar um copo de água. “Disseram que tinha que subir (em outro pavimento) no meio de pessoas com outras doenças”, reclamou Márcia Martins, 48 anos, mesma profissão de Marta.

“Tem muito mais pessoas com Covid-19 do que se fala por aí porque as não conseguem fazer o exame. Simplesmente, vão embora”, bradou a técnica em enfermagem Jaqueline Campos, 52 anos. Muitos ali reclamavam de dores e cansaço, sem ter onde sentar para esperar o atendimento.

No Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) - o Postão, como é conhecido -, os pacientes ficaram ao sol, em fila única. Depois de duas horas, o açougueiro Matheus dos Santos, 38 anos, com falta de ar, mal conseguia falar sobre sua situação. “Lá no posto não falaram nada, só para esperar”, contou, sentado no chão, entre uma tosse e outra. Ele suava muito após ter passado por um período de febre. Já a dona de casa Kênia Lemos, 25 anos, lamentava ter visto servidores ao telefone. “Poderiam estar nos atendendo enquanto isso”, reiterou.

Na região Central da Capital, a situação foi a mesma. No Posto de Saúde Modelo, os pacientes formaram uma fila que saiu do portão principal do local e se estendeu pela calçada da rua Jerônimo de Ornelas. Por outro lado, a procura por vacinação no Modelo foi baixa nesta segunda-feira.

Segundo a Prefeitura de Porto Alegre, as filas são reflexo do aumento da demanda por conta dos casos de Covid-19 e a procura intensa nas UPAs é também porque muita gente com situação menos grave vai pra lá em vez de procurar o posto de saúde do seu bairro.


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