Hospital de Gravataí rescinde contrato com funcionários envolvidos em suposto caso de racismo

Hospital de Gravataí rescinde contrato com funcionários envolvidos em suposto caso de racismo

Demissões foram resultado de sindicância interna aberta após o episódio

Correio do Povo

A esposa do homem, que estava internada no hospital, acabou falecendo após o ocorrido

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O Hospital Dom João Becker de Gravataí divulgou, nesta quinta-feira, o resultado da sindicância aberta pela instituição após a denúncia sobre o caso da morte de uma paciente. Internada em estado grave, antes do óbito ela teria visto agressões e ofensas ao seu esposo, que teriam ocorrido na madrugada do último sábado. A instituição negou as agressões e a denúncia de injúria racial, no entanto, optou pelo desligamento de três funcionários, que, segundo o hospital, não tiveram comportamento adequado no episódio e ficaram em desacordo com o Código de Conduta da Instituição. 

Conforme a nota do Hospital, a paciente Maria Gonçalves Lopes, de 55 anos, chegou ao Dom João Becker em estado grave, potencializado, segundo laudo da SAMU, por doenças pré-existentes: cirrose hepática, desnutrição, desidratação, rebaixamento sensório, estado caquética. O Hospital afirma que, no momento de admissão do paciente, os familiares foram comunicados da gravidade do quadro e que seria possível uma evolução para óbito.

Segundo o relatório da sindicância, por volta das 4h, o episódio do extravio do celular de um funcionário do Hospital ocorreu. Foi neste momento que o marido de Maria, Everaldo da Silva Fonseca, foi acusado de furto e obrigado a retirar todos seus pertences de sua bolsa, ações filmadas pelas câmeras de segurança do Hospital, segundo a nota. Nada encontrado com Everaldo, o celular foi achado por um funcionário em outro lugar do complexo. Os seguranças da instituição suspeitaram de Everaldo, pois seu celular vibrou no momento em que era feita uma chamada para o celular perdido. No entanto, foi constatado de que era apenas sua filha tentando contato. 

O Hospital afirma que o óbito de Maria ocorreu às 9h da manhã, por causas naturais, 5 horas após o episódio, e que, de acordo com sindicância, não é possível constatar "nexo de causalidade plausível entre os eventos, até mesmo porque a paciente não tinha quaisquer condições clínicas de percepção do seu entorno, conforme atestam todos os documentos de registro assistência".

A Direção do Hospital Dom João Becker informa que o relatório da sindicância interna foi entregue e protocolada ao Gestor Municipal da Saúde, ao Conselho Municipal da Saúde e à Polícia Civil. Também será entregue ao Ministério Público, tão logo este órgão esteja disponível para receber.

O caso

A Polícia Civil (PC) investiga uma denúncia sobre o caso da morte de uma paciente ao presenciar as agressões e ofensas ao seu esposo, que teriam ocorrido na madrugada de sábado passado no Hospital Dom João Becker, em Gravataí. 

A vítima, Maria Gonçalves Lopes, 55 anos, estava internada na instituição hospitalar. A família denunciou que ela teve uma parada cardíaca ao ver o marido, Everaldo da Silva Fonseca, 62 anos, sofrer agressões e ser acusado do furto do celular de uma funcionária. Além de insultos de cunho racistas, o esposo revelou que foi agredido por um segurança de uma empresa de vigilância privada e que, após encontrarem o aparelho esquecido em uma sala, tentaram pedir desculpas oferecendo um lanche e um suco. A própria vítima teria sido também revistada no leito conforme consta no boletim de ocorrência feito na tarde de sábado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Gravataí. 


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