IGP começa a fazer o RG de moradores de rua de Porto Alegre

IGP começa a fazer o RG de moradores de rua de Porto Alegre

Documento é uma das exigências para que recebam auxílio-moradia

Eduardo Amaral

Vladimir Pacheco foi o primeiro a encaminhar o documento na manhã desta segunda-feira.

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O Instituto Geral de Perícias (IGP) começou a confeccionar nesta segunda-feira as carteiras de identidade de pessoas em situação de rua que receberão o auxílio-moradia da prefeitura de Porto Alegre. Os atendimentos foram agendados previamente pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), a fim de evitar filas e aglomerações no prédio, localizado na Avenida Azenha, zona Sul da Capital.

Foram disponibilizados cinco horários de atendimento, entre as 11h30min e as 13h30min, para atender as 60 pessoas cadastradas pela Fasc. As carteiras de identidade serão repassadas ao órgão municipal, que encaminhará o pagamento do auxílio-moradia. Os atendimentos acontecem em dois dias, ontem e na quinta-feira.

Cada pessoa leva cerca de meia hora para ser atendida, já que é necessário um protocolo mais apurado de higiene, com a limpeza das estações de trabalho e higienização dos atendentes. Em razão dessa demora maior, é atendida apenas uma pessoa por vez, evitando assim aglomerações no local. O prazo para entrega dos documentos à Fasc é de sete dias úteis.

A primeira carteira de identidade feita foi para Vladimir Pacheco, 61 anos, que vive nas ruas de Porto Alegre há cerca de cinco anos e há aproximadamente quatro está sem documentos. “Acabei molhando, sendo roubado, a perda é muito constante vivendo nessas condições, pegando chuva e frio.” Natural de Passo Fundo, na região Norte do Estado, ele deixou a cidade após perder a filha.

Formado em Letras e técnico em Veterinária, ele hoje luta contra um câncer e outras doenças, e sentiu na Capital o desprezo das pessoas devido sua condição de moradia. “Olham para gente acham que a gente é um lixo ou coisa parecida, e não sabem que por trás daquele ser humano tem uma história.” Além do dinheiro, uma nova identidade lhe devolverá o sentimento de pertencer a raça humana. “Muitas vezes tentam colocar no meu subconsciente que eu não sou um ser humano, então para provar que sou um ser humano tenho que ter meus documentos, isso me traz uma certa emancipação social, me traz uma certa dignidade.”


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