Instalada frente em prol da vida no Rio Grande do Sul

Instalada frente em prol da vida no Rio Grande do Sul

Movimento busca discutir maneiras de enfrentar elevados índices de suicídios

Christian Bueller

Ideia, segundo a deputada Franciane Bayer, ao centro, é conscientizar as pessoas sobre a importância da vida

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A cada 46 minutos, um brasileiro tira a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de óbitos autoprovocados é quase o dobro do que aqueles causados por homicídio: 800 mil por ano, contra 470 mil, respectivamente. Pensando na relevância de debater o tema, foi instalada, na Assembleia Legislativa ontem a Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio, que fará ações com instituições que já tratam do assunto e desenvolverá políticas públicas que possam focar na prevenção visando à valorização da vida. “Falar de suicídio ainda é um tabu, mas não tem dado certo não falar sobre isso. Os números não têm diminuído, pelo contrário. Temos que mostrar para as pessoas que, apesar de crises e conflitos, vale a pena lutar pela vida”, disse a presidente e autora da iniciativa, deputada Franciane Bayer (PSB). A ideia, de acordo com a parlamentar, é conscientizar as pessoas de que a identificação dos sinais de ansiedade e depressão podem salvar a vida de uma pessoa. “Precisamos criar ambientes que possibilitem à família, aos amigos e aos professores identificar estes sinais”, afirmou. “Não podemos deixar esta tarefa só para os profissionais da saúde, em especial a mental, pois nem todas as pessoas procuram socorro ou têm acesso a um tratamento adequado”, opinou.

Estudantes voluntários, vestindo camisetas laranjas, carregavam placas como “Aceita um abraço?” e “Você é único”. Franciane lembrou que o alerta a potenciais suicidas é dado e muitas vezes a sociedade não enxerga. “Queremos salvar o mundo, mas é preciso olhar para quem está ao nosso lado”, salientou. Outro ponto destacado é o significado dos debates sobre suicídio. “Quando se fala disso, não estamos ensinando as pessoas a fazer. Mas, sim, como uma maneira de dizer que não é uma saída. O suicídio é como um vidro que, quando quebra, os estilhaços atingem a todos que estão ao redor”, exemplificou.

A deputada lembrou que a frente parlamentar dava continuidade ao trabalho iniciado na legislatura passada por sua irmã, Liziane Bayer (PSB/RS), hoje deputada federal. Liziane é secretária-geral da Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e Automutilação da Câmara Federal e relatora da Subcomissão Especial de Adoção, Pedofilia e Família, vinculada à Comissão de Seguridade Social e Família. Presente ao evento, a deputada federal lembrou que a taxa de suicídio na faixa etária de 10 a 14 anos aumentou 40% em dez anos no país. “É evidente que não podemos reduzir a questão somente à família, pois há aspectos clínicos relevantes que devem ser considerados. É também uma questão de saúde pública e exige, como tal, políticas públicas dirigidas e eficientes”, observou Liziane.

A promotora Liliane Dreyer da Silva Pastoriz, da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público, apresentou números indicando aumento nas notificações de suicídios em todas as faixas etárias, de 2011 a 2017. Disse que eram importantes essas notificações para o encaminhamento e tratamento adequado do problema. “As estatísticas estão aumentando em relação aos idosos, inclusive com mais de 80 anos para mais”, informou.

Um vídeo produzido pelo gabinete da deputada Franciane Bayer foi apresentado, com dados do Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e a participação de jovens da Juventude da Graça. A deputada pediu que se compartilhasse o material nas redes sociais e ainda destacou o trabalho do Centro de Valorização da Vida, que atende pelo telefone 188. No dia 8 de julho, no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, as deputadas Franciane Bayer e Liziane Bayer conduzirão um seminário sobre o tema.


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