Inverno pode aumentar hospitalizações nas próximas semanas no RS, alerta especialista

Inverno pode aumentar hospitalizações nas próximas semanas no RS, alerta especialista

Chegada da estação pode provocar agravamento do sistema de saúde que já opera próximos dos 90%

Feliipe Samuel

Taxa de ocupação em leitos de UTIs adultos em Porto Alegre, nesta terça-feira, foi de 110,39%

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Com estabilidade em patamar alto, o sistema hospitalar do Rio Grande do Sul pode sofrer nas próximas semanas um aumento no número de hospitalizações em decorrência de doenças respiratórias provocadas pela chegada do inverno. Nesta quarta-feira, o comprometimento das UTIs era de 86,1%, com apenas 481 leitos livres. 

A infectologista e epidemiologista do Hospital Nossa Senhora do Conceição, Carina Guedes Ramos, alerta que, mesmo com a vacinação contra a Covid-19 em andamento, é preciso "cautela" na flexibilização dos protocolos. "As pessoas não devem se expor à toa. A nossa vida ainda não voltou ao normal", alerta ao apontar uma elevação das internações em leitos clínicos e de UTIs na segunda quinzena de maio.

"O que a gente vê com a abertura do comércio é que talvez as pessoas não tenham recebido a orientação correta. Não é para circular normalmente no shopping, durante o fim de semana, com toda a família. É preciso usar os serviços com certa cautela, passar álcool em gel e usar máscara, além de evitar ficar muito tempo em locais fechados", observa.

Mesmo com a vacinação em andamento, Carina avalia que o RS já está enfrentando uma nova onda da pandemia, o que pode agravar os problemas do sistema de saúde, que já opera com capacidade máxima no inverno. "Todo mundo está vendo os números subir, pressentindo o pior, mas espero que dessa vez a gente não precise chegar ao colapso", destaca. "Todo mundo cansou da pandemia, mas a pandemia não cansou da gente", completa.

Com base em dados analisados diariamente, a especialista avalia que o Estado está entrando "em uma quarta onda" da pandemia. Carina destaca o número elevado de casos confirmados, suspeitos e de óbitos nas últimas três semanas, o que reforça a preocupação com a possibilidade de aumento de internações.

"Apesar disso, não quer dizer que essa nova onda seja tão ruim quanto a última", esclarece. "Estabilizamos em um patamar alto. A gente se acostumou com uma estabilização ruim, pois todo dia temos ao menos um óbito no hospital por Covid-19", afirma.

RS chega a 30 mil vidas perdidas pela Covid-19

O Rio Grande do Sul registrou, nesta quarta-feira, mais 130 mortes por conta do coronavírus, elevando o total para 30.032 óbitos desde o início da pandemia. Somente na primeira quinzena de junho, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) contabiliza 1.315 vítimas fatais.

De acordo com informações do Comitê de Dados da SES, em uma semana, a média móvel diária de óbitos apresentou elevação de 12,8%, passando de 105, em 9 de junho, para 117,3 no dia 15 de junho, o que mantém pressionado o sistema de saúde do Estado.

As internações em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) apresentavam estabilidade nesta quarta-feira em relação à véspera, com 86,4% ocupados e 2.981 pacientes em estado grave. Atualmente existem 3.451 leitos de UTI, 34 a mais em relação a 6 de junho, quando havia 3.417.

As hospitalizações em decorrência do coronavírus representavam 61,7% do total, com 1.839 casos confirmados para a doença. De acordo com informações do Comitê de Dados da SES, a média móvel de casos confirmados e de óbitos no Rio Grande do Sul se mantém com "expressiva elevação" nos últimos dias.

Conforme o comitê, o RS apresentava taxa de mortalidade acumulada de óbitos 264 por 100 mil habitantes. Os leitos privados operavam com 96,3% de ocupação, equivalente a 886 pacientes, enquanto os leitos SUS tinham 82,8% de lotação, ou seja, 2.095 hospitalizações.

Em Porto Alegre, com 801 pacientes em UTIs, a taxa de ocupação geral apresentava estabilidade com 87,25%. Do total, 381 tinham diagnóstico de Covid-19. Cinco hospitais operavam com capacidade máxima ou acima: São Lucas, Mãe de Deus, Cristo Redentor, Pronto Socorro e Restinga.


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