Janeiro registra recorde de infecções com Covid-19 no RS, com 237 mil casos

Janeiro registra recorde de infecções com Covid-19 no RS, com 237 mil casos

Estado teve mais 22.026 novos pacientes confirmados com a doença e 57 mortes

Felipe Samuel

Estado bateu hoje o recorde de infecções por Covid-19 em janeiro

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A disparada dos casos confirmados para o novo coronavírus e o aumento das internações em leitos clínicos e de terapia intensiva apontam para o recrudescimento da pandemia no Rio Grande do Sul. Com mais 22.026 pessoas diagnosticadas com Covid-19 em janeiro, o Estado bateu nesta quarta-feira o recorde de infecções e elevou o total para 237.245. É o maior número de casos confirmados para a doença desde o começo da pandemia, superando março do ano passado - que registrou 233.683 casos e 8.443 mortes em decorrência do vírus.

Apesar da aceleração do contágio em solo gaúcho, o número de mortes confirmadas este mês é inferior ao verificado em março de 2021. Em 26 dias, foram contabilizadas 290 óbitos em função da Covid-19. O infectologista André Luiz Machado, que atua no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), atribui a redução à vacinação.

"As pessoas têm feito uma doença mais leve e muito se deve não só a característica dessa variante, mas ao fato da população estar vacinada. O que infelizmente a gente identifica nessa ocupação de leitos de UTI é que quem está internado com doença grave, o que também não é novidade, são aqueles que não estão vacinados. É um fator muito preocupante", alerta.

Com mais 57 mortes confirmadas, o total de óbitos no Estado chega a 36.749. Para Machado, o aumento da taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva - que hoje registrava 1.880 pacientes e 61,1% de lotação - e de leitos clínicos reflete o quão transmissível é a nova variante ômicron.

É uma transmissibilidade comparada a do sarampo. O que a gente tem nos últimos 14 dias é que triplicou o número de casos mas também de óbitos. E é proporcional a gente começar a ter agora desfechos negativos se a gente levar em consideração o aumento significativo de contaminados", explica. Apesar do crescimento do número de óbitos e de internações, Machado descarta o colapso do sistema de saúde.

"Levando em consideração o comportamento dessa variante, do ponto de vista clínico, de manifestações clínicas, não acredito que teremos novamente um caos no sistema de saúde", observa. Ao contrário do que ocorreu no pico da pandemia, em março e abril do ano passado, ele ressalta que a maioria dos pacientes internados em leitos de enfermaria buscam atendimento no hospital por outra condição de saúde, mas acabam apresentando diagnóstico de Covid-19. "Paciente com dor abdominal, por exemplo, faz diagnóstico de inflamação na vesícula. Daí na história clínica fica descrito que antes de começar com as dores abdominais estava com dor de garganta. Faz o teste e dá positivo. Por isso acabam ocupando leitos de isolamento", relata.

Na avaliação de Machado, a explicação para a disparada de casos de Covid-19 está no comportamento da população, que apresenta uma 'postura de quase normalidade' frente ao aumento expressivo de casos, e na falta de fiscalização e de campanhas de conscientização dos gestores municipais e do Estado para evitar a disseminação da doença.

Ao ressaltar a evolução da doença, Machado critica as aglomerações verificadas na Orla do Guaíba e o início do campeonato gaúcho com presença de público. As pessoas estão dando de ombros e não estão seguindo as medidas não farmacológicas e que de fato fazem a diferença em diminuir o número de transmissões", salienta.

Conforme Machado, o RS deve seguir a mesma tendência do hemisfério Norte, com o pico de casos se sustentando por mais duas semanas antes de descer. "A gente tem aumento muito significativo no número de infecções, três vezes mais em duas semanas. E é evidente que a gente vai ter nesse cenário de aumento expressivo de número de casos situações graves com necessidade de internação em leitos de UTI. Ainda bem que o RS tem bom lastro, uma boa reserva de leitos de UTI", destaca.

"O que a gente não gostaria que acontecesse é de novo 'maltratar' a população no sentido de que as cirurgias eletivas devam ser canceladas, os atendimentos em emergência e urgência fiquem destinados exclusivamente a pacientes com Covid-19 e voltar a ter pacientes com outras doenças que não estão sendo tratados e nem acompanhados", completa.


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